As felicidades não se repetem. Sempre inéditas, sempre únicas, sempre intransferíveis.
O acontecimento corriqueiro de hoje é a saudade de amanhã. Sim, porquê as épocas de nossas vidas se sucedem e, frequentemente, ao chegar a nova, vai-se todo o enredo da época anterior. Silenciosamente chega a mudança e com ela, a troca de pessoas, sentimentos, desejos, lugares e forças que movem o nosso íntimo.
O acontecimento corriqueiro de hoje é a saudade de amanhã. Sim, porquê as épocas de nossas vidas se sucedem e, frequentemente, ao chegar a nova, vai-se todo o enredo da época anterior. Silenciosamente chega a mudança e com ela, a troca de pessoas, sentimentos, desejos, lugares e forças que movem o nosso íntimo.
É um processo sutil que traz consigo grande poder de transformação. Deixa a sensação enganadora de que tudo aconteceu de repente. Não. As novas realidades se constroem com um passinho depois do outro. Um dia depois do outro. Um pensamento depois do outro.
Acrescente ou tire uma única pessoa do seu convívio direto e perceba como se rearranjam as suas prioridades, se renovam os seus interesses, se diluem as suas certezas. A estrutura daquela felicidade anterior dará espaço para uma nova felicidade. Novos rumos, novas decisões, novos desapegos, novas conquistas.
A noção que construímos de felicidade acontece conforme as pessoas que nos acompanham de perto. Redundância? Talvez, mas há nela uma verdade. Muitos dos que estão perto não são companhia e a noção de felicidade se alimenta apenas daqueles que estão muito próximos. Tão próximos que estão, na verdade, dentro.
Nenhuma das felicidades ficaria presente ou faria sentido se não reconhecêssemos o seu valor. A melhor reverência que se pode fazer a uma época que marcou nossa vida é aplaudí-la durante o seu transcorrer, sabendo que entre dores e delícias, é preciosa e incomparável a seu modo.
E há, sempre, "tempo para tudo debaixo do céu". Há o tempo onde a família lhe sustenta e guia através dos dias. Há o tempo onde a amizade lhe ensina que sua família se estende aos irmãos que nos é permitido escolher. Há o tempo onde sua alma é a sua grande companhia e deste vôo solo, tiram-se alicerces eternos. Há o tempo onde o amor lhe envolve na certeza de que sua forma de caminhar transformou-se para sempre em doce parceria. Há o tempo onde os tempos acontecem juntos ou apenas, um por vez.
E há as pessoas atemporais. O coração nutre uma misteriosa devoção por aqueles que um dia amou e teve como companhia. A companhia, frequentemente acaba. O amor por ela, se transforma em inequívoco respeito temperado na saudade de quem era feliz, e sabia.
Quando a próxima felicidade chega tem o seu próprio sabor. Novos passos, novos abraços, novas rotinas. O coração sente a descoberta e modela-se aos seus formatos . Assim, recicla-se a vida e cada uma de suas formas de ser feliz.
Sim, as felicidades não se repetem. Nos surpreendem lentamente. Ainda que se reconstruísse uma época, nós mesmos já seríamos outros. A cada sentir, reinventamos nossa forma de sentir. A cada querer, reinventamos nossa forma de querer. A cada visão, reinventamos nossa forma de enxergar.
Todas as épocas passarão e, contraditoriamente, deixarão na alma as sementes da continuidade, e no peito, o sabor dos frutos deste grande atemporal, o amor.
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