domingo, julho 22, 2007

"Nenhum coração jamais sofreu indo em busca de seus sonhos"


Tão pouco acreditamos na inerente capacidade de sonhar. No dom de fazer acontecer o desejo, de escalar as mais altas montanhas, de transpor as mais descabidas dificuldades, de ser o que bem entendermos. De subir, subir, subir.
Poderemos.
Iremos.
Despontaremos.
Exército da bem-aventurada fé de que tudo fará. Fiéis do credo que não tem cor, idade, localidade, capital, pós-graduação, pedigree, manequim 38, clube da moda, limites.
Espécie rara que olha para o céu e não para o chão.
Gente que chora, ri, namora, ora, olha, diz, faz, é.
Invencíveis soldados combatendo por conquistar léguas a frente, vestidos nas glórias passadas e esperanças futuras. Lutando hoje, e sempre.
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segunda-feira, julho 16, 2007

Reach


Tem dia que é pra ser seu.
Pode ser segunda feira, pode o dia estar frio e chuvoso, pode o seu relógio ter despertado uma hora mais cedo porque você precisava chegar bem antes no trabalho, pode a pessoa que marcou contigo ter furado e te deixado esperando, pode o carro ter morrido cinco vezes no semáforo movimentado te deixando debaixo de buzinadas raivosas, pode aquele pensamento cruel ter te cruzado a mente repeditamente: "e agora???".

Pode você ter se sentido preterido e injustiçado vez após vez pelas "leis" e pessoas vigentes, pode a falta de valorização e reconhecimento ter te esgotado até os ossos, pode a dúvida perpétua do "até quando?" ter te assombrado sem trégua. Podem todos aqueles seus defeitos de estimação que você já conhece tão bem não terem, até hoje, dado sinal de levantar acampamento te fazendo sentir inadequado e insuficiente. Pode a decepção, este fenômeno que criamos tão bem, ter assumido cadeira cativa a despeito das vezes que foi enxotada.

Pode até a força, o humor, a serenidade, a ousadia, a elegância, a afetuosidade, o impulso, a beleza, a evolução terem falhado e te faltado.

Mas o dia está lá. Com o seu nome estampado em letras maiúsculas fluorescentes. Embebido de uma vitória pessoal que ninguém mais enxerga, de um colo certeiríssimo para as suas necessidades mais primárias. Encantado com um aplauso inaudível aos ouvidos humanos e com um sinal de "SIGA EM FRENTE" pintado na nuvem mais alta.

Dias de luz, festas do sol mesmo sem sol. Disfarçados de cotidiano sem graça, vão parindo milagres silenciosos na sua vida. Água benta nas suas preces, oração de coração que deseja se fazer melhor.

"Aqueles dias em que você se ergue sobre as estrelas".

quarta-feira, julho 11, 2007

O Caos e a Lama


Enquanto isso, no planetinha Terra...

Universitários burgueses paupérrimos de espírito e caráter espancam e assaltam, em bando, mulheres (com cara de prostitutas) desacompanhadas e indefesas nas ruas de metrópoles-terras-de-ninguém. Os lamentáveis pais os defendem e os consideram injustiçados, afinal, a maria-niguém atacada nem morta está. Até viveu para contar a história.

O caos na essência do ser dito humano, reina. A lama e o sangue ficam nas mãos de tantos assassinos - de corpos ou de almas - que permanecerão impunes pelas facilidades nojentas que lhes confere sua suposta "classe".

E há também um outro tipo de assassinato que impera nesta nossa raça transviada. O assassinato dos valores. Morre a humildade, morre o respeito, morre a honra, morre a integridade. Mata-se a luta que deveria ser a busca primeira, mantida a qualquer custo: a preservação da espécie. E para preservar é tão fácil... Basta não se colocar acima do seu semelhante. Basta abrir a mente que nos alimenta de descobertas e crescimento infinitos. Basta harmonizar-se com este Deus tão alardeado e tão pouco conhecido. Basta não falsificar lideranças - políticas, ideológicas, espirituais - pelo mero senso de responsabilidade que sabe que nas lideranças haverão seguidores e que, a falta de valores e de visão pode ser mais danosa que explosões atômicas.

Segue o caos no planetinha onde supostos líderes afirmam barbaridades com a displicência de quem escolhe entre caju ou laranja para o suco matinal. Pretensos representantes da divindade suprema julgam-se , e ao seu credo, supremos. Não sabem onde termina o seu cargo de orientadores de um povo e onde começa a força maior que um dia foram escolhidos para representar. Impõem-se. Prostituem a Criação e o Criador. Proclamam impropérios dignos de novas guerras e esperam sair ilesos.

Pena, planetinha. Tão bonito e tão mal representado.
Algum dia aprenderemos.

terça-feira, julho 03, 2007

A verdade e a coragem

- Eu tenho a perpétua impressão desde que me lembro que, em algum momento, algo vai se descortinar diante dos meus olhos. Talvez nem seja nada disso, talvez eu vá caminhando um passinho atrás do outro mesmo sem maiores descortinamentos rs, mas tenho esta sensação de
que em algum momento eu vou descobrir algo maior. Ou talvez não seja sensação, só um desejo.


- Bem... às vezes o algo maior a ser descoberto, só é possível após pequenas e diversas outras descobertas

- Não sei mesmo, mas eu sonho em fazer algo além que não sei bem o que é... isto dificulta um pouco rs

- Isso me lembra de um trecho de uma carta de Florbela Espanca a Guido Battelli:
"Às vezes, parece que tenho qualquer missão a cumprir, qualquer coisa a fazer; mas não sei o que é, não compreendo, e esta inquietação mina-me, roi-me; esta interrogação, esta contínua busca, cada vez mais ansiosa, dentro de mim mesma, desvaira-me."

- Esta sou eu

- Somos nós...
Eu sei o quanto me cobro e o quanto às vezes me cobro além do que posso, então tenho tentado aprender a lidar com isso
(...)

- Parece que a gente nunca descansa de tentar não se medir pelas réguas alheias

- Talvez... mas a minha própria é muito mais exigente que a dos outros... só que, em boa parte das vezes, em coisas que pros outros não têm importância e pra mim têm, e vice-versa

- Aí a briga é dupla, porque a gente quer se encaixar em todas as réguas... Quase sempre, ao menos

- Tenho entendido que o que interessa é a minha...e mesmo assim, a minha pode estar equivocada em muitas coisas

- Sim...você entendeu tudinho
É bem por aí :)

- O que tenho feito é tentar lidar com essa ansiedade então... e ter uma noção maior que as coisas vão sim acontecer... mas que preciso estar preparado pra elas... e se preparar é agir em várias outras coisas também

- É um mosaico. Pedacinhos que aparentemente podem não ter nada a ver entre si, que vão construir o todo

- Talvez, caso seja mesmo assim, eu consiga ficar mais tranquilo... rs
Porque, realmente, esta noção que há algo maior, o tempo todo, que não sei o que é... está comigo desde sempre e a ansiedade por saber sempre foi grande.
E a auto-cobrança por ainda não ter descoberto também
(...)

- A gente se sabota muito

- "Às vezes sinto em mim uma elevação de alma, o vôo translúcido duma emoção em que pressinto um pouco do segredo da suprema e eterna beleza; esqueço a minha miserável condição humana, e sinto-me nobre e grande como um morto. É um instante... " (outro trecho da carta)

- Meu Deus...que coisa linda
Obrigada.

- Obrigada pelo quê, querida?

- Por me ajudar a me conectar.

domingo, julho 01, 2007

Quase John Lennon

Do ano se foi a primeira metade.
Seis meses a menos. Seis meses a mais. O copo (o ano) está meio cheio ou meio vazio?
A vida está aumentando ou diminuindo? A vida está sendo, se me perguntar.
Acontecendo, sempre. Tirando um pouco, somando um pouco. Doando muito. Pedindo muito de quem a está vivendo.
Ultimamente eu tenho pensado bastante no ciclo que cumprem as vidas. Todas as vidas. O ciclo com começo, meio e fim, os quais nunca sabemos quando serão. Nem os nossos - começos, meios e fins - nem os daqueles que fazem parte de nós.
Tenho pensado e quanto mais penso, mais absurdamente surreal tenho certeza de ser esta vida.
Será que, do pó viemos e ao pó retornaremos? Imagino...
Para a matéria fica fácil de visualizar um ciclo. Fica fácil seguir as fases que saem da infância, passam pela juventude e pela vida adulta, chegando até a velhice.
Difícil é visualizar o ciclo do conteúdo que sustentou os corpos. E o amor, para onde vai? Não surgiu do pó, assim não poderá virar pó. E as memórias? E os outros sentimentos todos que fizeram transbordar os corpos? Imagino...
Final de domingo também tem destas coisas. Auto-questionamentos sobre a existência. Como se já não bastasse a chegada da segunda-feira...humpf.
Um dos seriados que eu amo, discutiu certa vez num dos episódios, se a protagonista que estava para lançar um livro, seria uma otimista ou uma pessimista. A pergunta surgiu porque ela teria de dar o 'tom' à introdução do livro que reunia suas colunas preferidas (colunas sobre os seus relacionamentos) do jornal para o qual escrevia. A partir daí , desenrolaram-se os questionamentos do otimismo versus pessimismo na vida, até a conclusão final - lindinha, por sinal.
Com o ano meio cheio (ou meio vazio), vem também a percepção de que, a cada dia que passa, eu gosto menos das definições que rotulam pessoas e situações. É que me parece que sempre que surgem estas 'reflexões' do tempo que passa (as de ano-novo são as melhores) , automaticamente, de algum lugar vai surgir um selo, sinalizando para qual ponta pendeu o seu devaneio. Foi otimista? Foi pessimista? Será que bastaria dizer que foi humano?
Bastaria explicar todo o turbilhão indizível que nos habita dizendo que ele constitui e sempre constituirá a nossa mais pura humanidade? Imagino...
Não é porque se foi a primeira metade do ano. Não é privilégio de datas específicas imaginar sentidos maiores (ou menores) de tudo. É humano querer unir pontas de saídas e chegadas, de turnos e returnos, de inícios e finais, de começos e recomeços e imaginar. Tentar apenas chegar com o pensamento onde a vista jamais alcançará.