domingo, julho 01, 2007

Quase John Lennon

Do ano se foi a primeira metade.
Seis meses a menos. Seis meses a mais. O copo (o ano) está meio cheio ou meio vazio?
A vida está aumentando ou diminuindo? A vida está sendo, se me perguntar.
Acontecendo, sempre. Tirando um pouco, somando um pouco. Doando muito. Pedindo muito de quem a está vivendo.
Ultimamente eu tenho pensado bastante no ciclo que cumprem as vidas. Todas as vidas. O ciclo com começo, meio e fim, os quais nunca sabemos quando serão. Nem os nossos - começos, meios e fins - nem os daqueles que fazem parte de nós.
Tenho pensado e quanto mais penso, mais absurdamente surreal tenho certeza de ser esta vida.
Será que, do pó viemos e ao pó retornaremos? Imagino...
Para a matéria fica fácil de visualizar um ciclo. Fica fácil seguir as fases que saem da infância, passam pela juventude e pela vida adulta, chegando até a velhice.
Difícil é visualizar o ciclo do conteúdo que sustentou os corpos. E o amor, para onde vai? Não surgiu do pó, assim não poderá virar pó. E as memórias? E os outros sentimentos todos que fizeram transbordar os corpos? Imagino...
Final de domingo também tem destas coisas. Auto-questionamentos sobre a existência. Como se já não bastasse a chegada da segunda-feira...humpf.
Um dos seriados que eu amo, discutiu certa vez num dos episódios, se a protagonista que estava para lançar um livro, seria uma otimista ou uma pessimista. A pergunta surgiu porque ela teria de dar o 'tom' à introdução do livro que reunia suas colunas preferidas (colunas sobre os seus relacionamentos) do jornal para o qual escrevia. A partir daí , desenrolaram-se os questionamentos do otimismo versus pessimismo na vida, até a conclusão final - lindinha, por sinal.
Com o ano meio cheio (ou meio vazio), vem também a percepção de que, a cada dia que passa, eu gosto menos das definições que rotulam pessoas e situações. É que me parece que sempre que surgem estas 'reflexões' do tempo que passa (as de ano-novo são as melhores) , automaticamente, de algum lugar vai surgir um selo, sinalizando para qual ponta pendeu o seu devaneio. Foi otimista? Foi pessimista? Será que bastaria dizer que foi humano?
Bastaria explicar todo o turbilhão indizível que nos habita dizendo que ele constitui e sempre constituirá a nossa mais pura humanidade? Imagino...
Não é porque se foi a primeira metade do ano. Não é privilégio de datas específicas imaginar sentidos maiores (ou menores) de tudo. É humano querer unir pontas de saídas e chegadas, de turnos e returnos, de inícios e finais, de começos e recomeços e imaginar. Tentar apenas chegar com o pensamento onde a vista jamais alcançará.


3 comentários:

Beatrice disse...

O que eu posso ousar comentar além de "amei"? Eu amei esse post. Como diria o poeta: "Sei que às vezes uso palavras repetidas, mas..." Mas não encontro forma melhor de comentar.

Lu Dias disse...

Ótimo semestre pra vc, grande escritora!!
Bjss

Anônimo disse...

PARABéns... seu novo blog está óptimo, não só no visual mas também no conteudo, ( é que eu gosto imenso de prosa, mesmo que seja poética). Vou voltar com tempo para comentar TUDO. Um abraço