Eu não acredito em Natal que tem data pra acontecer.
O Natal de verdade, que faz nossas mentes egoístas darem lugar aos nossos corações solidários pode-deve-pede para acontecer todo dia. Mas eu também não acredito em Natal que acontece todo dia. Simplesmente porque é difícil pacas. Não é todo dia que nosso espírito nos permite jorrar a generosidade que temos dentro de nós e fixar os olhos em propósitos elevados e cheios da beleza de ser humano. Somos mundanos também.
O que eu acredito é que o Natal, este que tem data para acontecer, inspira a todos. E os frutos se enxergam no Natal - o Natal, aquele sem data, Natal no sentido - que fica plantado nos corações e retorna, como ondas claras, banhando tantos outros dias do ano.
Neste, que está assinalado na agenda, sempre acontecem histórias que poderiam num piscar de olhos, se transformar em lendas de Natal.
São mobilizações e mais mobilizações para que se doem alimentos, brinquedos, roupas, doces, sonhos. E de repente, os filminhos das Boas Festas reprisados sucessivamente na sessão da tarde não parecem tão água com açúcar assim. Os corais entoando fé, amor e beleza , magicamente se tornam mensageiros das belas novas. E reais.
Vozes pedindo de diversas formas que se abram os corações. Que deixem entrar toda a pureza que ficou subjugada no restante do ano, espremida no calendário.
E o Natal ecoa, e ecoa, e ecoa. Se os ouvidos se permitirem ouvir, acontecerão muitos ecos nos meses seguintes. Não acontecerão todo dia, é verdade. Teremos dias e dias de total anti-Natal particular também. Mas entre um e outro não, há os sins.
E aí vive-se o Natal que eu acredito. Sem data, sem motivo, só coração.
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