segunda-feira, dezembro 25, 2006

O Portal


Tem qualquer coisa no fechamento de um ano que altera a frequência do meu astral. Até hoje não consegui definir direito o que seria. Embora tenha profundos respeito e admiração por quase todo tipo de rituais, da mesma forma tenho profundo asco por tudo o que é feito para cumprir tabela, porque "é a época" ou o momento de fazer. Tão intransferivelmente pessoal o tempo de cada um, que seria no mínimo inviável esperar que todos tivessem uma data comum para fazer seus balanços e reflexões particulares. No mínimo contraproducente imaginar que todos definam os dias finais de dezembro para se pensar, para analisar o que foi feito, o que ficou pelo caminho, quem ganhou ou perdeu o quê...
Para alguém como eu, isto é algo que está implícito. Todos os meus dias, ou quase todos, são dia de refletir sobre todo e qualquer tema. Estranhamente, percebo que nos momentos finais de um ano, este efeito "pensador" se potencializa. Talvez por conta da energia - poderosíssima energia - que toma conta do panorama geral. Em nenhum outro momento dos 365 dias que compõe a nossa ilusória noção da contagem do tempo, se pode sentir - e é uma sensação totalmente palpável - tantos corações vibrando juntos e emanando sonhos, desejos, expectativas, angústias, quereres, esperanças. É provável que seja inevitável não sentir a correnteza, ainda que por princípio não se prentenda fazer parte dela.
A força que nos envolve - constantemente, mas ainda mais neste período - é gigantesca, quase assustadora. Só não sei dizer se ela grita de dentro para fora, de fora para dentro ou tudo ao mesmo tempo. De uma forma ou de outra, entre as forças de dentro e de fora, fico sempre eu. Um receptáculo, um transmissor, uma onda que se move sobre si mesma. A urgência dos oceanos lavando a chama das explosões que estouram em todas as curvas do meu universo.
Este é o momento onde, entregue, a minha alma mais se espalha e se divide por lugares inimagináveis sobre a superfície desta terra, o que me soa suspeitamente como uma insinuação involuntária de procura - em todos os planos - por fagulhas dos receptáculos-transmissores que, na mesma entrega, dividam algo entre si. Este é o momento onde sinto uma saudade afrontosa de tudo o que eu ainda não vi. O momento onde tudo o que já fui e tudo o que não sei se algum dia virei a ser, se encontram na fronteira do meu presente exposto.

"Antes de se converter em realidade. o maior êxito foi por um tempo o esboço de um sonho. O carvalho dorme no fruto, o pássaro espera no ovo, e a maior visão de uma alma se espreguiça em um anjo." (James Allen)

domingo, dezembro 24, 2006

De espírito e de datas



Então este era para ser apenas um jingle de Natal do Banco do Brasil. Eu como publicitária não sei quem o escreveu, que lástima...rs. Alguém saberia me dizer? Sobreviveu ao longo dos anos - mais de 30, pelo que eu soube - e tornou-se parte do Natal no Brasil. Do meu, com certeza.
Para mim, esta letra simples e curta diz absolutamente tudo o que o espírito do Natal, na sua concepção pura, deveria ser. Não importa se você é crente - em Algo ou Alguém - ateu ou indeciso. O que mais me encanta nela, é o fato de não ser restrita ao Natal. Segue, entrando no Novo Ano, nos dias úteis e inúteis. Nos outros feriados, dias santos, dias profanos. Nas noites e madrugadas. Nos horários de almoço, jantares dançantes e pequenas pausas. Nos momentos todos, que é onde eu acho que o "espírito do Natal" tem que estar. E as datas comemorativas, são todas uma boa desculpa para a gente tentar dar um passo a mais rumo à grandeza que tentamos alcançar.
Estive ontem numa encenação natalina, direcionada a crianças de todas as idades onde, em dado momento, Papai Noel, Mamãe Noel e Duende mandaram ver na interpretação dela e me deixaram de garganta em nó.
Se for capaz, não chore. Eu não consigo.

Quero ver você não chorar
não olhar pra trás
nem se arrepender do que faz.
Quero ver o amor vencer
mas se a dor nascer
você resistir e sorrir...
Se você
pode ser assim
tão enorme assim
eu vou crer.
Que o Natal existe
que ninguém é triste
que no mundo há sempre amor.
Bom Natal
um Feliz Natal
muito Amor e Paz pra Você.
Pra VOCÊ.

Te desejo, então, o meu tipo de sucesso. Este que enche a alma.

domingo, dezembro 17, 2006

Dois mil e seis - O ano em que fizemos contato


Vamos escrevendo nossa história,


Cumprindo nossa própria lenda pessoal,


Nos aproximando de alguns, nos afastando de outros


Apenas para descobrir que 'o tudo é uma coisa só'


Apenas para entender que sorrir, chorar, perder e ganhar


São gotas do mesmo oceano , que lava e move a todos nós.


A felicidade é a real ilusão impressa nas expectativas de amanhã de cada um



E é nas vírgulas entre a saudade do que vivemos ontem e o desejo pelo que viveremos amanhã



Que a nossa história acontece.



Muitos pedaços da minha não foram registrados por uma câmera fotográfica. Foram registrados pelos olhos, pelos ouvidos, pelo tato, pelo paladar, pela pulsação, pelo monitor de um computador que a princípio seria apenas uma máquina.
Muitos sonhos eu ainda não conheço. Muitas utopias ainda são esperanças, do mesmo modo que muitas interrogações virarão realidades. Muito de quem eu sou ainda não existe e muito do que acredito já não existe mais. Os cortes profundos e as redenções divinas coexistem, assim como os silêncios e algazarras internos.
Tudo eu. Tudo vida. Tudo ser.

sábado, dezembro 16, 2006

Enluarada



Eu vivia na floresta, solta entre a lua cheia e leve, o céu forrado de brilho, o ar gelado que me elevava, me arrepiava, me vestia de manto. Perdida, me encontrava em meio às criaturas que bailavam na claridade que a falta de sol abençoava. Tudo o que se podia ver na noite escura. Tudo o que eu me atrevia a mostrar de mim. Tudo o que se ocultava no instante desabrochado entre um e outro contrair do músculo involuntário que não atendia quando chamavam, mas fora chamado de coração.
A noite vinda do centro de todas as forças unidas em outras esferas e trazidas ao conhecimento dos simples ateus, crentes, curiosos, renegados mortais; eu, vinda de onde me trouxeram os mitos que inventei de mim, os fantasmas que me assombravam nas horas claras, os demônios amigos, fiéis parceiros de meus encontros com a noite minha. O breu explodia auroras nas meninas de todos os olhos que cerravam-se para as formas óbvias.
Assim que o dia começava a ceder, assim que os raios acesos perdiam espaço para o céu de baunilha tomado de tons multifacetados, as pupilas que esperavam encontrar-se , dilatavam. Eu, já pronta para ver a mim, sorvia a noite toda em goles ansiosos e escorria lágrimas de um êxtase conhecido e surpreendente. Eu me sabia. Oscilante, inadequada, ignorante e no entanto, me sabia.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Limite Horizontal



A corda bamba que tinha para descansar, sempre por um triz, sempre por um fio, sempre a um passo da queda ou do salto para o infinito ninava todos os senões e exclamações que se sucediam no dia sim, dia não de cada temporada.
O céu sorria do alto, a terra intermediava o abraço, o inferno fechava os olhos e cerrava os dentes para os dementes bambeares. Os mesmo que acometiam temporada sim, temporada não, e revezavam a sustentação da corda com a firmeza das pontas de pés errantes.
Carregava todas as pedras no seu descanso e depositava sobre a corda pesos desnecessários e plumas soltas do recosto de suas decolagens espaciais.
Para um lado ou outro ia a bamba, e toda tentativa de equilíbrio era recebida com violentas sacolejadas que duravam uma fração de passagem de tempo, mas pareciam durar todo o trajeto.
Talvez a corda estivesse a um palmo do chão. Talvez sombreasse a atmosfera. Porém para prescindir da corda era preciso um pára-quedas, um avião, uma motivação suicida que se bastasse como um fim em si mesma. Nunca lhe seria oferecida sinalização, explicação, proteção. A continuação natural seria que a rede de segurança não lhe surportasse os ossos, como nunca haveria de surportar até então. Esta era a sensação ao menos; um pára-quedas que não abriu, o avião que não encontrou pouso, a motivação que ficou sem combustível. Nada se ganhou, nada se perdeu. Nos passos, a corda oscilava na troca de pés que retesaram a linha sustentada n'algum lugar onde não se conhece o nome, ou o gosto, ou a forma, ou o atalho para chegar. Prevalece o impreciso da passagem estreita o suficiente para ser cruzada um a um. Para ser cruzada por muitos.

domingo, dezembro 10, 2006

Eu carrego seu coração


O torpor me cerca, me abraça, me contém. São os momentos onde bate a consciência de que à minha volta o amor que paira, que deveria sempre pairar é tão insuficiente. E insuficiente, para o amor, na verdade é nada. E quando falo em amor, falo daquele sentido mais elevado de vida, daquela ação, daquela postura, daquela forma de enxergar a si, às pessoas e ao estar vivo. O amor é uma atitude através da qual se está no mundo, ou não. O amor é um condescender com as imperfeições alheias que são tantas e tão reflexo das nossas próprias. O amor é um não se deixar diminuir e espezinhar. O amor é um não se permitir ser objeto de um julgamento pseudo-superior e delirante. O amor é um dizer ao outro e à si que está tudo bem com as nossas diferenças e que elas não podem ser um passaporte de saída das outras vidas que nos compõem. O amor é um saber-se absolutamente incapacitado para condenar uma alma da qual não somos senhores e isto vale também para a nossa própria. O amor é uma capacidade de percepção que nos impede de prendermo-nos às mesquinharias que são um caminho mais fácil e mais vazio. O amor, aquele bíblico, que não morre nunca, visto que é a força motora que nos conduz e perpetua-se somente através de nós. O amor que nos acorda de forma brusca ou terna e nos suga de volta das profundezas nas quais nos permitimos cair, perplexos. O amor que não tolera perceber-se diminuído, tanto quanto não tolera ver-se descartado. O amor que nos toma nos olhos, boca e ouvidos e nos cura da expressão medíocre que nos tenta diariamente a ser menores. O amor que suporta tudo, mas sábio, não aceita a displicência. O amor inclassificável, que encontra em cada sua morada uma nova forma de existir. O amor que não ameaça nem pune. O amor que nos faz acreditar que nosso lugar é estar além. E continuar.

I carry your heart with me - E.E. Cummings
"I carry your heart with me (I carry it in my heart)
I am never without it (anywhere I go you go, my dear; and whatever is done by only me is your doing, my darling)
I fear no fate (for you are my fate, my sweet)
I want no world (for beautiful you are my world, my true)
And it's you are whatever a moon has always meant
And whatever a sun will always sing is you
Here is the deepest secret nobody knows
Here is the root of the root and the bud of the bud And the sky of the sky of a tree called life; which grows higher than the soul can hope or mind can hide And this is the wonder that's keeping the stars apart
I carry your heart (I carry it in my heart)."

sábado, dezembro 09, 2006

Meias Palavras


Pulsação

Movimento

Sensação

Pensamento

Elementares elementos de mim
Respirar,
fogo lento , isento
de alarde
Escutando-se.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

A Magia, ao vivo



A magia de certos momentos, como tudo o que vale a pena na vida, tem que ser experimentada. Tem que ser sentida na carne, no sangue, no âmago. As palavras que amo tanto, simplesmente, não conseguem dizer. Não conseguem contar a exatidão de um milhão de pensamentos, imagens e emoções que pulsam no peito, na sonoridade eterna de cada acorde perfeito. Espetáculos que nos levam para além da carne, dos quais só enquanto respirarmos nos lembraremos e deste, eu pude fazer parte. A urgência de viver, de estar, de ser, de sentir, presentes no agora único do qual sabemos, sem antes e sem depois.

E se somos todos personagens, quem é que está escrevento o seu roteiro?

"De ontem em diante serei o que sou no instante agora
Onde ontem, hoje e amanhã são a mesma coisa
Sem a idéia ilusória de que o dia, a noite e a madrugada são coisas distintas
Separadas pelo canto de um galo velho
Eu apóstolo contigo que não sabes do evangelho
Do versículo e da profecia
Quem surgiu primeiro? o antes, o outrora, a noite ou o dia?
Minha vida inteira é meu dia inteiro
Meus dilúvios imaginários ainda faço no chuveiro!
Minha mochila de lanches?
É minha marmita requentada em banho Maria!
Minha mamadeira de leite em pó
É cerveja gelada na padaria
Meu banho no tanque? É lavar carro com mangueira
E se antes um pedaço de maçã
Hoje quero a fruta inteira
E da fruta tiro a polpa... da puta tiro a roupa
Da luta não me retiro
Me atiro do alto e que me atirem no peito
Da luta não me retiro...
Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem"


(De ontem em diante, O Teatro Mágico ao vivo em Piracicaba)

segunda-feira, dezembro 04, 2006

A Balada do Amor Inabalável



O dia se põe na noite.
A noite abraça o canto da manhã que chegará.
A manhã envolve o brilho que o dia deixa em cada passo.
E eu, pequenina, me deixo em pedaços
nos ciclos que a noite, a manhã, o dia
podem completar na circunferência da minha vida.
Sem estilhaços nem estrelas cadentes
nem tão muda, nem tão histérica
desperta, em cada poente.

terça-feira, novembro 28, 2006

Tanto, tanto, tanto

Volta e meia me pego a observar fragmentos de um todo e isto é uma fortíssima característica que me acompanha - ou me persegue rss. Me pego a repensar, reler, rever. E isto, nem de longe é uma âncora como poderia aparentar. Muito mais um trampolim que me leva adiante e sempre. Percebo que certas coisas não podem jamais ficar para trás. O afeto que é ofertado talvez seja a primeira delas. Para mim, impagáveis, jamais deixo de reverenciar, admirar e abraçar os momentos e pessoas que nunca perdem a majestade. Perambulando no Balada do Amor Inabalável (I e II) que me acompanhou durante tanto tempo e me trouxe gente tão linda e plena, involuntariamente me vi a querer guardar mais perto e por mais tempo, momentos de inspiração, carinho, entrega e da mais absoluta generosidade que se possa receber. Vejo que este é um movimento contínuo e cíclico entre as essências de cada um, de impressionante efeito terapêutico, já que a beleza e o sentimento quando transbordam - sejam os nossos próprios ou sejam aqueles aos quais aplaudimos - podem apenas e tão somente contagiar de calor e humanidade tudo à sua volta. Todos os tipos de emoções encontrei nos comentários antigos que me foram deixados então, mas todos têm uma coisa em comum: não se faz necessário ter lido o post que os originou, nem mesmo saber qual era o assunto em questão. O que fica, de tudo e de todos é o clarividente brilho dos espíritos de luz que habitam estes corpos - no breve apanhado que preparei - e nos muitos outros mais que não estão neste momento. Transcritos com total fidelidade dos originais para que pudessem fazer reviver eternos momentos e relembrar cada grandeza. Sobretudo, na passagem do tempo que não existe, a divindade soberana de cada um, resplandece. Ei-la:
[Nathali] [http://certascoisasentrenos.blogspot,com] [Rio de Janeiro] Olá Bia, ´Fiquei emocionada com esse post. Não consegui conter as lágrimas... :'( Que lindo amiga.. que pureza, que doçura de palavras, de sentimentos. Delicado e singelo. Que Deus te abençoe e te proteja com seu manto sagrado. O meu blog, está sem comentários. Não fique triste ou chateada. É um momento necessário para mim e o fiz para reencontrar a minha paz. Continuo postando e sempre te visitarei quando estiver confortável para faze-lo. Um beijoka apertada e ainda emocionada com esse belíssimo post... ;))))))))
[lu] bibis...essa sombra q te acompanha é apenas o começo de uma jornada brilhante, tudo tem seu tempo por mais longo que ele pareça . bjos lu

[Uri] [uribenedutra@yahoo.com.br] [www.fotopalavra.blogspot.com] Idem, idem, idem. Puxa, Bia, tenho a mesma sensação quando navego nesses blogs. Estas pagininhas já mudaram totalmente o conceito de blog. É a celebração da liberdade literária. Cada um escreve o que quer e como quer e como as pessoas escrevem bem, e como elas lêem com sentimento, e como é bom ver um comentário de alguém que leu e sentiu o que vc. sentiu e escreveu. É um prazer vir aqui, seu blog é mto bem feito, as fotos são lindas e os textos... nem precisa falar. Às vezes chego aqui e saio sangrando, ou rindo ou chorando. Mandou bem, falou tudo. Bjão de blogueiro amigo, e obrigado pela menção. Tava tão triste hoje e até fiquei melhor.

[carlos] [carlos.caac@hotmail.com] [experimentandome.zip.net] Nossa, Bia!! Fiquei emocionado agora!! Sabe qual a vontade que me deu agora? De saber onde você está e ir correndo para lá para te dar um grande abraço e te chamar para um passeio de braços dados onde nós pudéssemos conversar sobre qualquer coisa que valha à pena. Minha adimiração por você cresce a cada post, minina.
[ObservadOOr] [infelizmente@nao.com] [www.observadoor.zip.net] Bia... você conseguiu me emocionar pela segunda vez. Não, não precisamos escutar elogios rasgados (as vezes eles nos fazem mais mal do que bem). Mas quando o escutamos, devem provocar a nossa lucidez a fazer o que o racional não nos permite (e nos arrepiar). Gostei deste teu escrito (e confesso que fiquei com uma pontinha de inveja – risos). Abraços e obrigado por tê-lo escrito (este é o colo que eu precisava neste instante).

[Bugra] [fazendadaraia@terra.com.br] [www.sesmarias.blogger.com.br] [Lagoa vermelha] [Imensamente feliz..........] o Fogo reverbera.. recicla.. refaz... posso te chamar de Fênix??? lindo poema... saiu de dentro de um espaço lindo que voc~e tem e que pode explorar bem mais pra gente se deleitar aqui.. vc fogo e eu falando de água.. tanto um como o outro nos deixa mais leves... que bom te ver... moça querida.. bjo grande na palma da mão!

[dexy] [http://dexy.extremus.zip.net] Agradeçoa vista e as consideraçoes verdadeiras.nao é fácil a visao do real sem retoqu.Sou mesmo kamikase(gostei da expressao).é uma catarse.Nao digo o que digo só para chocar.è uma revisao da consciencia,visoes,habito,vicios.Sei lá...necesidade de dizer,rever tudo senao a gente explode.Se tem alguem ouvido é bom...mais ainda se tem snsibilidade e nao tem medo de ver ...Desconfortável meu texto é,sei que é..Leio o seu e fico impressionado pelo teor semelhante da angustia,só qu dito de forma mais doce.De repente,aqui eu poso me acalmar .Sou um deseperado...Caminhamos entre a Utopia e o desepero,Bia.A vida vvida,sentida está pronta para ser modificada...só que o danado do medo,impede.E quem ganha com o medo?Abraço inabalavel...Com certeza estarei aqui colhendo mais brisa,brisa contida.

[Izy] [http://anarkistanokaos2.zip.net] “Ouvir o perigo è ser o próprio perigo! Afeiçoar-se do seu próprio reflexo muito mais do que dos outros contornos Desabilitar-se da capacidade de se afinizar com a miséria própria e com a alheia. “ São pensamentos que revolve o âmago das angústias humanas...A (bela)relação que voce faz da escrita e a voz como meios de expressão que tenta(disse tenta) clarificar a alma como se diante do outro visse o seu duplo ,espelho de ânsias(hunamo); assim,nos revelamos seres capazes de ressuscitar (em si) o melhor que temos.Bia,querida,esta suruba filosófica é um bom sinal...Ainda sentimos,ainda ouvimos,ainda buscamos a VIDA e em não morrer em Vida ,como cita você. “Sentir o urro engatilhado na garganta”.Fico feliz em poder partilhar e ser motivo de estímulo e inspiração para o post de hoje.Nós aqui fazemos um barulho silencioso,pra Diabo,não é mesmo?!!!!dará seus frutos?querer pensar já é ganho. Pode ser..beijao,querida. Izy

[robson] dizer o que?...o que me é compreendido é que cada dia mais e mais não sei se consciente ou inconsciente você deixa aqui a vida mais explícita, e espero que isso seja consciente pois assim a evolução de tua alma e teu intelecto serão cada vez mais iluminados e sempre teremos coisas tão lindas quanto para nos deleitar a alma para que possamos embriagar com tuas palavras. um grande beijo pra você linda.:)

[Eni] [email_da_eni@hotmail.com] [http://www.enigma2005.zip.net] [recife] [confusa] Linda, vim te dar os parabens pelo emprego. Fiquei super curiosa. gostaria muito que vc me mandasse um email, me contando dessa conquista. estou hiper feliz por vc...e amei a fotinha do mar...amo o mar... e os pes na areia sao tudo de bom...que maravilha..vou esperar..bjo e otima semana BIa!

[Luluzinha] [http://eueomeumundinho.zip.net] Não há outro jeito de fazer se não for pelo começo. E somos nós que temos que dar o primeiro passo... Porque um dia teremos que contar a nossa história. E qual história você vai querer contar? Bjos!!!
[wander] [www.outonosemflor.blogspot.com] Que força eu senti nesse seu poema,que luz,que esperança... Que o amanhã seja a resposta de todos nós. beijos

[Lucia] [PONTES4@YAHOO.COM.BR] [radiante] ABSOLUTAMENTE NADA NESTE MUNDO ME FAZ MAIS FELIZ, DO QUE TE VER EM PAZ!DESEJO QUE ESTE SEJA O SEU ESTADO DE ESPÍRITO NÃO DIGO SEMPRE, PORQUE SE FOSSE ASSIM, DEIXARÍAMOS DE DAR O DEVIDO VALOR E NÃO CRESCERÍAMOS, MAS, MESMO EM SITUAÇÕES DIFÍCEIS, ACREDITANDO QUE NUNCA UMA PORTA É FECHADA SEM QUE SE ABRA UMA JANELA. MUITA LUZ NA SUA ESTRADA!

[Lu] [lu-dias.blog.uol.com.br] Poxa amiga... desse jeito não dá pra segurar... tuas palavras me emocionam... posso dizer que, com este estado de espírito, vc está realizando um sonho meu. Grande beijo com vibrações verdes de Esperança e Sorte!!!
[Bailarina das Letras] [www.bailardasletras.zip.net] E você é o resultado da beleza que semeia... E pertence ao mundo como dele tem a sua parte. Beijo enorme!
[Jullyana] [osimorais] Aff Bia!!!Todo dia de niver pra mim é um dia reflexivo tb!Penso no que eu já fui, no que eu acreditada em quantas coisas eu ja deixei de acreditar e me questiono em quantas eu ainda acreditarei..ahhaha Me senti meio Caetano Veloso!!!Mas é bem por ai!!! Pertença-se! Sempre...e os anos passaram sem sentir...mil beijos e seja muito feliz, sempre!!!!!!!!!

[José Sequeira] [joalseq300@hotmail.com ] [http://cacacida.zip.net] [Portugal-Lisboa] A idade, Bia , vale de duas maneiras : por aquilo que já sabemos e pelo tempo que ainda nos resta para aprender mais. Para a idade que tem , você amiga, já sabe muito....e o melhor disso é que o que sabe a ajudou a criar autoestima e confiança. O tempo que virá, mais lhe ensinará! O que desejo do coração, é que seja uma aprendizagem fácil, leve, construtiva, que lhe mostre sempre as duas faces da moeda....mas, se não for possível, ao menos que lhe mostre a face boa. Um abração do josé

[carla] [http://carla-feitosa.blog.uol.com.br/] [rs... não muito bom hoje] oi obrigada pela visita, meu dia foi meio pesado hoje e sua visita me fez sentir que alguém estranho me enxergou um pouco. mil beijos

[Carol Biavati] [http://chao-de-giz.blogspot.com] Querida Bia, ler esse texto foi como um carinho na alma. Perfeito. E vc disse tudo! Absolutamente. E as almas do outro lado querem muito compartilhar o que essa alma aí sente/pensa/expressa! É um fato. E essa ânsia de escrever é sempre bem-vinda... pq realmente ela desafoga, descongestiona tudo por dentro. Faz todo sentido. Só assim esses tantos pensamentos que se chocam podem ter vida-própria, podem ser livres. Só assim, Bia. E que isso sempre aconteça. Para que possamos ter grandes momentos por aqui. Bjs!! =)

[Alex] [http://alexsf.zip.net/] Querida Bia: escrevo-te como quem deturpa a imagem dos lagos e faz refletir o chão em cada gota d'água. Escrevo para terminar com ponto, interrogações e gritar no ouvido do sol, até sentí-lo frio. Esrevo-te com a vontade de lamber asfalto, de sentir minh'asas quebradas e o vento estuprado pela virgindidade humana. Escrevo-te como um abraço, enlaçando-te o gestos e sombras. Esrever é fazer nossa vontade virar palavra na eternidade efêmera dos nossos sentimentos. Te adoro.

[Silvinha] [silviadealmeida@yahoo.com.br] [www.maisdeuma.zip.net] [Rio de Janeiro] Linda! Linda! Linda! É o que posso dizer de alguém que não conheço pessoalmente, mas que se tornou importante por me trazer tanta alegria! por me trazer tanta alegria. Obrigado pela homenagem querida! E saiba que foi maravilhoso ver que todas essas mulheres estão apaixonadas! Ah... como o amor faz bem! Afff... Beijos e Flores, e tudo de melhor pra ti!

[l. rafael nolli] [nolli@bol.com.br] [www.nolli.zip.net] Lindo e lindo - exatamente nessa ordem! Nossa, um ninho, para ser chamado de meu, é tudo de bom! Abraços!
[Sanka] [somdecordemim.zip.net] deus cuidou de me fazer ouvir beto guedes no rádio enquanto lia esse texto. me tocou profundamente esse casamento do que ouço com o que leio agora. acrescentaria que têm pessoas que nos emudecem, tamanha sua grandeza. e estou muda. beijos, querida!

sábado, novembro 25, 2006

Dança


Per l'Anima e il Cuore
sutis sensações
Encontros furtivos
equívocos festivos

Dancemos frente a frente
tão íntimo refrão
Descrenças latentes
expelindo-me, fazendo-me dormente

Espelho responde
ao que tomou por mim
Mas eu, este não viu
ou verá, eis que reflexo não sou

Sou sujeito único
Transpassado de vida
de doar as entranhas
e receber flores colhidas.

Aquele que, posto ao teste
de correr ou estar, surgiu.
Viu, desencarnado, o reflexo
Fugitivo à procura de si.

terça-feira, novembro 21, 2006

O Kamikase



No intervalo de cada bater de asas tomava profundo fôlego. Atravessando a nuvem espessa cerrou os olhos e planou, crendo tão somente no Bem, que traria o céu de depois pleno de azul continuado e não, o rochedo escondido em meio a neblina.
Ah, a fé. A tal que programava os vôos, que calculava as distâncias, que abraçava os medos, que socorria as turbulências, que esticava as asas, que saciava as ausências, que dignificava as máculas, que sustentava os sorrisos, que conduzia as lágrimas, que embalava as inversões, que plantava o nascer.
O solo que se entrevia não mais parecia uma opção, tampouco uma oportunidade. O que seria o pouso, senão a finitude de tudo o que alçara até então? O que seria o chão, não mais que uma fuga para um universo ao qual não ansiava em pertencer? O que seriam os alertas enganadores, senão a covardia da mente tomando posse de um espaço que não era seu? O que seria o erro, além da ponte que, ávida, esperava para atravessar enfim os oceanos, as montanhas, as barreiras de som incomensuráveis? O que seria o fel, esta falsa noção de impossibilidade , traiçoeiramente impodo-se como teste a toda imortalidade que julgara conquistar?
O zunir do vento ecoava desafiando pensamentos débeis na tentativa de provocar a desistência da racionalização enganadora. Só se salvaria no vôo, aquele que abandonasse a explicação e sorvesse, sedento, o deslumbramento.
O peito descompassado sabia como ir adiante. Sabia que não cairia de um segundo andar qualquer, pois voava para além do surgir da aurora; amarela de acreditar.

sábado, novembro 18, 2006

A Falta



Eis que folheava o caderno de escritos antigos , de uma era atrás, nem sei se foi nesta encarnação que escrevi tudo aquilo! Gosto de dar essas incertas no passado de vez em quando. Bom se revisitar, ainda que inequivocamente bata a sensação de estar vestindo uma roupa emprestada que saiu de moda totalmente. Assim, muito mal vestida, pincei um destes pedaços que me saltou aos olhos por eu haver, desde sempre, simpatizado com ele. Me é caro, e esta sensação me agrada. Vejo que meus olhos e poros guardam todas as etapas que ficaram para trás e , hoje em dia, me satisfaz que seja assim. Gosto de saber que meus registros permanecem, a um só tempo, intactos e passíveis da ação do tempo. Sempre meus, únicos e particulares, com a visão que só é cabível a mim, como cada qual guarda a sua verdade.
Observo minhas verdades se renovarem, somarem-se às verdades que chegam do outro, crescerem, ganharem peso, cor , intensidade ou não. Às vezes, apenas diluem-se pra mostrar que nunca foram verdades, apenas âncoras momentâneas. Eu, no porto, vejo as ondas jogarem-se sobre mim e recuarem, como que me convidando ao mergulho. Sopra a brisa, mensageira da maresia, que me penetra e embala. O som contínuo do espaço onde me encontro e existo a cada dia mais envolvida me canta canções de amanhã numa língua estrangeira. Folheava os escritos enquanto este pensamento me atravessava.

Tenho certeza que a madrugada
sente a nossa falta
quase tanto
quanto eu.
Nada mais me restou
para perder
Virei alguém
que aceita migalhas
em nome do amor.
Virei alguém que diz
- eu amo
Sem saber o que fazer
com o amor.
Virei alguém que conta os minutos
Virei alguém que não vê o tempo passar.
Peguei o caminho errado
e cheguei a nenhum lugar
Mas você vive aqui,
em mim
e em qualquer lugar que eu vá.
Estou à deriva na dor
sem o meu louco amor.

(In memorian)

quarta-feira, novembro 15, 2006

Extremos



Me encontrei com um documentário de direção e co-produção brasileiros, que há algum tempo me olhava da prateleira da locadora. À primeira vista, a sinopse diz que a história de "Extremo Sul" se faz assim:

"Atraídos pelo desafio e pelo desconhecido, um grupo de cinco alpinistas sul-americanos planeja uma expedição para escalar o Monte Sarmiento, uma montanha de difícil acesso situada na Terra do Fogo. Uma equipe de cinema viaja junto com eles para documentar a escalada. Porém, afetados pelo isolamento, pelo clima severo e pela visão dos assustadores paredões de gelo, o grupo se depara com novos e inesperados obstáculos que mudam radicalmente o rumo da expedição e do filme. Antes de encarar a montanha, alpinistas e cineastas precisarão enfrentar seus próprios medos e rancores. Os diretores Mônica Schmiedt (Antártida, O Último Continente) e Sylvestre Campe (Ascent of the Lhotse Shar) não desviam as câmeras e registram uma trama densa de superações e impotências. Cheio de belas imagens, Extremo Sul é um corajoso documentário em que o cinema de aventura e o drama psicológico se fundem numa história implacavelmente real, na qual os mistérios da natureza e da alma humana têm papel igualmente decisivo. "

À segunda vista, descobri um enredo que foi muito mais além dentro de mim, que mesmo não sendo nem pretendendo vir a ser alpinista, consegui perfeitamente relacionar tudo o que ocorre ali com o cotidiano mais básico de, acredito eu, qualquer vida. Ocorre que o desfecho da história não foi nada do que eu imagina ser e nem de longe, o filme que eu esperava assistir. Passados os primeiros instantes de um estranhamento que beirou o arrependimento pela escolha da locação, fui percebendo as novas nuances que este interessante documentário começou a desnudar, sem esconder minha admiração pela direção e equipe de produção por conseguir embarcar nos novos rumos que a expedição tomou, e com eles, concluir este projeto. Os olhos que quiserem ver, por certo encontrarão nesta uma hora e meia de exibição + making of, além do espetáculo de fotografia e da emoção que a preparação para viagem causam, muito o que pensar dentro dos seus conceitos de auto-imagem, razões de cada um, frustrações, expectativa e um dilema que para mim é eterno: o que fazer quando, para realizar algo da forma que se idealizava, você precisa de outro (s) e esse (s) pode (m) estar interessado (s) em seguir outros caminhos de outras formas que não comtemplam os seus planos??? "Ir sozinho", poderia ser a resposta pronta. Porém, existem momentos, vontades e viagens cuja alma está toda na parceria. E aí começa o aprender a estar consigo mesmo, muitas vezes no auge da raiva e de uma confusão interna que nos coloca totalmente à prova. Um empurrão para o precipício de querer desistir de absolutamente tudo, feito criança mimada que chora sentido e esperneia até o socorro chegar. Para a vida, é um documentário que vale a pena.

P.S. Falando em documentários, deixo para quem não viu e gosta de brincar de encontrar a alma nas histórias reais e belas, outras dicas: "Língua - Vidas em Português" de Victor Lopez e "Bob Dylan - No Direction Home" de Martin Scorsese. Fizeram muita diferença pra mim.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Soul in slow motion




Ela pisou no palco com as luzes apagadas.
Alongou mais uma vez os músculos obedientes já acostumados ao seu bailar.
Caminhou pé ante pé , com os ouvidos no som que este breve conduzir-se produzia, sentindo a respiração ritmar em sua pisada firme.
Ela subiu no salto com a mente em tudo o que viria.

Cada passo, cada movimento, cada batida.
À frente dela, nada além do breu, iluminando-a para além da estrela mais clara da galáxia mais viva.
O suor que já dava sinais e o sorriso nervoso que não conseguia disfarçar surgindo de leve no canto dos lábios.
A música começou e fez vibrar corpos e coxia e ela sentiu seu coração acelerar irremediavelmente, bombeando lágrima para o olhar que entregue, transbordava.
Ela, satélite, rodopiava alta e altiva pela imensidão, desejosa de que nunca chegasse o final daquele sonho. Ali, era um ser atemporal e feliz.
De longe, pronto para o aplauso, o espírito que era seu a observava num misto de espanto e alívio.
A luz se acendeu e não a encontrou, que já efervescia etérea para dentro da noite emudecida.

terça-feira, novembro 07, 2006

serenidade

a falta
a falsa
o ferro
o fogo

o chão que foge
a paz que queima
o céu que zanga
a luz que meia

a idade de ser
serena
aos confins afins
do mundo

sem par de olhos para
entender
sem mão amiga para
amansar
me traio
com dó maior
castigo
com fel e sal

o ego
ruge
a calma
cala - morta.

- Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.

domingo, novembro 05, 2006

Ensaiando-me - parte l

Percebo que quando criei meu primeiro blog, tinha a necessidade principal de desabafar qualquer coisa guardada na alma. Com o tempo, esta necessidade apesar de permanecer, foi se transformando. Fui me dando conta que poderia também encontrar outros blogs com os quais me identificasse, e muito mais do que isso encontrar as pessoas dos blogs - como Fernanda Young falou das pessoas dos livros . Depois percebi a espantosa qualidade literária (espantosa por se tratar de escritores "anônimos", ao menos do grande público) das pessoas dos blogs, sem deixar de notar o ridículo da razão do meu espanto, já que o brilhantismo e o talento nada tem a ver com a platéia. Depois percebi a maravilha de poder construir um relacionamento com estas mentes brilhantes, ainda que virtualmente, e conhecer um pouquinho de suas almas e vidas. Depois, percebi que havia um genuíno interesse em mim, em aprimorar a minha própria escrita e ser cada dia mais cuidadosa com aquilo que publicava, visando um nível - dentro das minhas possibilidades - que antes não fora uma preocupação. Isto em consideração às pessoas dos blogs que me liam e em consideração à mim mesma e ao meu sonho de escrever. Felizmente, este controle de qualidade se tornou um hábito, o que nem de longe significa que eu fique plenamente satisfeita com o que publico. O blog - primeiro a Balada , depois a Balada ll e agora, o Mi Casa - foi tomando corpo e vida e ganhando espaço em mim, atingindo hoje o status de meu veículo oficial para comunicação. Não que precisemos de um, afinal a comunicação , sempre falha e insuficiente para mim, pode e deve se dar a todo tempo, em toda oportunidade e das mais diversas formas. Desde a comunicação que temos a um, no íntimo, até cada um dos instrumentos e veículos que usamos para estar no mundo e com as pessoas. Seja como for, o blog é para mim, um veículo que deu certo, a exemplo de tantas outras tentativas fracassadas que fazemos para chegar aos ouvidos e corações próximos e à nós mesmos. Este mundo fragmentado dos diários virtuais onde mostramos ocasionamelmente nossos pedaços da forma que nos convém ou da forma que conseguimos, me espanta novamente e agora, no melhor sentido da palavra - que passa pelo encanto - particularmente porque existem pessoas que os lêem e voltam outras e outras vezes, espontâneamente, pela gratificação da experiência, da troca e do próprio encanto.
Muito das vezes, eu consigo meramente vomitar questionamentos e divagações que me balançam , sem sequer chegar próxima de alcançar a beleza literária de criação que encontro nos espaços em que visito. São momentos onde urge a visceral inquietação de expor "um não sei quê, que vem não sei de onde" e dói, ou ri, ou cala, ou grita, ou espera, ou age não sei porquê. E há tantas e tantas inquietações que eu gostaria de dividir e, lamentavelmente me fogem antes que possam chegar ao teclado. Agora mesmo, enquanto escrevo tentando manter um raciocínio linear que possa tanto ser interessante a quem lê, quanto me saciar da urgência de expelí-lo, passeiam vários outros raciocínios em mim que, natimortos, ficarão apenas na memória. O próprio rumo dos textos tende a ser sempre uma surpresa para mim. Não são poucos os posts que começo com uma remota idéia do que poderiam ser, apenas para assistí-los transformar-se em outra coisa com vida própria, cujo final desconheço totalmente, como este.
São ensaios e encenações da minha própria alma, que de quando em quando, descansa nalgumas paragens transformando os raciocínios em intuições que virarão silêncio ou imagens nos quais me encontro enquanto a mente se refresca em alguma outra dimensão.

Ensaios onde descansei o raciocínio - parte ll












Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para(a vida não para não)
Será que é tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para (a vida não para não...a vida não para)
Lenine

domingo, outubro 29, 2006

Você tem fome de quê?


Life is what happens while you're busy making other plans, disse John Lennon.
Não sei dizer se faço planos. Alimento sonhos, eu diria.
Realmente, enquanto isso, a vida acontece.
Não tennho lógica,
Meu nexo tem características aleatórias e impalpáveis
Sou a pessoa menos imparcial que já conheci, para o meu próprio bem.
Não quero o ritmo do mundo. Palpito no meu ritmo.
Fora de órbita, fora do prumo do ideal
Sateliteando ao redor de uma visão do talvez.
Lado ilógico da criatura imprópria
para menores de pensamento.
Idéia que não voa, que viveu à toa
morre à míngua , à parte do presente
que pressente a finitude
do seu devanear.
Só fugir um pouco
até o próximo retorno de saturno
borboleteando fora do casulo
gravitando solta no ar.


E quando ouço esta musiquinha quase boba, quase bela, me causa nos sentidos uma sensação de me esparramar. Boa sensação. Bom descobrir pequenos pedaços de eternidade que nos levam a viajar sem deixar o lugar.

" As curvas no caminho, meus olhos tão distantes,
Eu quero te mostrar os lugares que encontrei
Como o céu pode mudar de cor quando encontra o mar
Um sonho no horizonte, uma estrela na manhã
De repente a vida pode ser uma viagem
E o mundo todo vai caber nesta canção
Vou te pegar na sua casa, deixa tudo arrumado
Vou te levar comigo pra longe
Tanta coisa nos espera, me espera na janela
Vou te levar comigo
Eu quero te contar as histórias que ouvi
E nas diferenças vou te encontrar
O amor vai sempre ser amor em qualquer lugar
Vou te pegar na sua casa, deixa tudo arrumado
Vou te levar comigo pra longe
Tanta coisa nos espera, me espera na janela
Vou te levar comigo "

E você, tem fome de quê?

quarta-feira, outubro 25, 2006

Estoy aqui

Alô 1
Especialmente para meu amigo José e a todos que se possam interessar, O Poço e a Mola está atualizado em http://opocoeamola.blogspot.com

Alô 2
Estou muito feliz com esta casa nova e com as visitas ilustríssimas que tenho recebido até aqui. Com o muito que aprendo e me renovo com os comentários que leio. Cada um merecia um post.

Alô 3
Devo ter feito algo de errado, pois o Mi Casa não está me permitindo postar imagens...Suspeito que possa ter sido ao incluir os links. Alguém entende de html para me socorrer???

beijos imensos.

segunda-feira, outubro 23, 2006

A porta escrito "não consigo"

Encontrei um livreto de bolso do Rubem Alves (Se eu pudesse viver minha vida novamente) que reúne alguns pequenos textos que nos trazem um tipo de sabedoria que apenas ele e mais alguns poucos poderiam. Logo de início, nos deparamos com um texto a partir do título que vem na sequência do poema de mesmo nome atribuído tanto a Jorge Luis Borges quanto a Nadine Stair (aquele onde ele diz que "trataria de cometer mais erros, não tentaria ser tão perfeito" e segue citando todas as precauções que não teria e de que forma aproveitaria mais e melhor seu tempo, lindo!). Rubem faz, digamos, a sua própria versão do que faria se pudesse viver sua vida novamente, a qual muito me emocionou e tenha sido talvez a razão pela qual o livreto me caiu nas mãos . Diz assim:
"Se eu pudesse viver minha vida novamente, eu quereria vivê-la do jeito mesmo como a vivi, com seus desenganos, fracassos e equívocos. Doidice? Imaginem que eu estivesse infeliz. Eu teria então todas as razões para voltar atrás e tentar consertar os lugares onde errei. Mas eu não estou infeliz. Vivo um crepúsculo bonito, com a suíte número 1 de Bach, para violoncelo. Se houve sofrimentos no caminho, imagino que, se não os tivesse tido, talvez a suíte número 1 de Bach não estivesse sendo ouvida. Estou onde estou pelos caminhos e descaminhos que percorri.
Eu estou onde estou porque todos os meus planos deram errado. Isso é absolutamente verdadeiro. As pontes que construí para chegar aonde eu queria ruíram uma após a outra. Fui então obrigado a procurar caminhos não pensados. E aconteceu, por vezes, que nem mesmo segui, por vontade própria, os caminhos alternativos à minha frente. Escorreguei. A vida me empurrou. Fui literalmente obrigado a fazer o que não queria.
Sofri a dor da solidão e da rejeição. Mas foi esse espaço de solidão na minha alma que me fez pensar coisas que de outra forma eu não teria pensado.
Plantei árvores, tive filhos, escrevi livros, tenho muitos amigos e, sobretudo, gosto de brincar. Que mais posso desejar? Se eu pudesse viver a minha vida novamente, eu a viveria como a vivi porque estou feliz onde estou."
Mais adiante, no final de outro texto, completa: "Porque a vida é bela a despeito de tudo. 'A despeito de': é aí que moram os deuses. E os poetas".
E são tantos outros momentos assim, desta beleza contundente, que eu poderia tranquilamente citar o livro todo que, apesar de pequenino, contém grandes verdades sobre sentir, ver e viver a vida atavés deste olhar que nos lembra porque estamos vivos. São raros estes momentos, onde decidimos lembrar. São raros os momentos onde conseguimos parar tudo o que fazemos que não nos levará a nenhum dos lugares onde queremos chegar, e lembrar com a alma porque é que acreditamos estar aqui.
Em mim, por muitas vezes bate a vontade de passar uma borracha em tudo que ficou para trás e começar fresca, do zero. Muitas vezes bate a sensação de ter feito tudo errado - sensação tanto enganadora quanto injusta comigo e com as minhas próprias decisões, diga-se de passagem.
Ocorre que a vida pede para ser assumida e são tantos e tão diversos os caminhos, que às vezes me assola a estranha sensação de não haver verdadeiramente assumido nenhum. De haver apenas ficado em cima de um muro cósmico esperando que algum fator sobre-humano me derrubasse para o melhor lado. Isto não é algo tão inseguro e fraco quanto possa soar à primeira vista. Veja que, entre o início de tudo e hoje, vieram muitas e muitas escolhas e decisões - até porque eu sou do tipo incapaz de permitir que alguém decida qualquer coisa por mim - mas o que me mata é nunca ter conseguido ter certeza de uma escolha certa. Eu também, como o Rubem, estou no time daqueles que andaram muito mais na vida através dos "planos" que deram errado. Ou daquilo que imaginei, já que tenho a mesma dificuldade em fazer planos que tenho em estar certa do caminho a escolher. Me parece que o movimento da vida é por demais avassalador e pontuado de senões e desvios sobre os quais não sabemos para que se afirme qualquer coisa com tanta certeza assim. O imponderável sempre se apresentou a mim como um personagem por demais determinante para ser ignorado. Aguardo que o imponderável escolha, então? De forma alguma. Sua força existe, porém. E de tempos em tempos se instala em nossas vidas como que querendo nos turvar - ou limpar - a visão e os outros sentidos.
Fico eu - e o Rubem - tentando me safar do nevoeiro/chuvisqueiro, com as parcas certezas e as dúvidas cintilantes.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Os desejos presos no olhar




No alto da montanha estava eu. Inacreditavelmente, estava eu. Me senti um misto de Glória Maria numa de suas reportagens-expedição, com Fraulein Maria - a noviça rebelde - viajando no sound of music e explicando que nunca se perderia na montanha, pois a montanha era dela.
Nunca tinha pisado naquela montanha, sequer naquela cidade e mesmo assim, me senti involuntariamente como parte da paisagem, como fosse a coisa mais natural do mundo estar ali compondo aquele cenário de uma simplicidade mágica e perfeita. A montanha era mesmo minha. Nos pertencemos desde a primeira troca de olhares. Não nasci ali, mas provavelmente tenha nascido também para estar ali. Para, privilegiadamente, olhar a compacta cidade do alto de todos os seus melhores ângulos e sentir a completude que vai além do que a mente pode explicar.
Para quê a mente quando a alma se mistura ao ambiente e me torno uma com o existir e todos os elementos? O fogo, através do sol que queimava e se escondia; a água através das nascentes semi-secas do fora de época e do suor satisfeito que escorria; o ar através da brisa que brincava de refrescar e trazia fôlego para o corpo que teimava em não se deixar cansar; a terra que embalava, protegia e ensinava o melhor caminho.
Quase dois dias no Paraíso. Tão pouco e foi o suficiente para que eu me rendesse totalmente. Bastou um olhar de longe e eu estava entregue àquele horizonte onde o tempo não existe e os campos e colinas te abraçam deixando um perfume de vida. A vida na sua origem mais íntegra. Sem maquiagem, sem concreto, sem o frenezi das avenidas, comércios e referências culturais que consumo tão vorazmente.
Jamais poderia imaginar que sentiria falta do mato e dos insetos quase mansos quando pisasse de novo na selva de pedra. Senti. Os aromas, os sons, as pessoas tão diferentes da cena que havia acabado de deixar, me impactaram inexplicavelmente. Eu que gosto do burburinho do ritmo antenado dos shoppings e avenidas, tanto quanto gosto da serenidade cheia de pulso que o distanciamento da "civilização" oferece. Por um momento a civilização me pareceu sonsa e desnecessária. Um daqueles momentos onde se sente ter ido a outro mundo e retornado para contar a história. Estou contando, então. Afortunada eu, que já pude experimentar alguns mundos aqui dentro deste universo.

"Ói , ói o céu
Já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu
É um céu cravejado, rasgado, suspenso no ar
Vê, é o sinal
É o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões
Amém."

segunda-feira, outubro 02, 2006

Sala de Estar Bem


Talvez eu esteja hibernando um pouquinho as minhas emoções, ou sensações, ou sentimentos, nesta transição de um espaço virtual pra outro. Ainda não tenho certeza - hahahahaha eu tendo certeza é coisa que ainda está pra ser vista. Me parece que a minha mais que amada Balada do Amor Inabalável (da qual sinto a pontada de saudades só em falar) está caminhando para já haver cumprido a sua função, seja ela qual fosse.
Pelo sim, pelo não, transfiro meus amores, dores, inquietações, explosões, desesperanças e reflexões para cá, sem entender ainda porque. A verdade é que, sem deixar de ser a Balada Inabalável - que está nos meus poros, na minha alma - eu venho entrando cada dia mais fundo na realidade de que "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida". Daí a vontade de explicitar, mais uma vez, que eu sou sua, sou você, e a minha casa é a sua casa, sempre. A Balada mesmo sendo eu a todo minuto, ainda hoje eu, começa a soar para mim como um projeto demasiado solo, mesmo que não seja. Não entendo e nem preciso, mas o coração, hoje, diz assim.
Puxei, como referência, um dos meus pedaços expostos com todo o amor inabalável do meu ser, para dar um pontapé incial:

Não preciso que você me compreenda. Não preciso que você concorde com meus métodos tacanhos e imperfeitos de operar. Não preciso que me cubra de falsos ou verdadeiros elogios, nem que me categorize numa escala sua - e portanto tendenciosa - de 0 a 10. Eu não preciso ser exemplo de nada para ninguém. Não preciso, sob nenhuma hipótese, ser aprovada pelos parâmetros do politicamente correto, tampouco preciso estar dentro de padrões que não criei. Não preciso do seu suposto status, nem de glamour, nem de aplausos, nem de troféus, nem de gratificações de bom comportamento. Eu não preciso ser a funcionária do mês. Com certeza absoluta, eu não preciso de lugar n'alguma capa de revista. Não preciso das melhores festas, dos melhores vinhos, de cadeiras na primeira fila. Não preciso do cabelo perfeito, do nariz perfeito, da frase perfeita. Sei que não precisaria nunca de rodas sociais, de tapinhas nas costas, de sorrisos insinceros, mas oportunos. Não preciso que me salve, não preciso que alimente meu ego carente, não preciso que seja moldura para o meu retrato nem que me use de adorno seu. Eu nunca me contentaria com tão pouco. Preciso de muito mais. Eu preciso da sua face verdadeira, de enxergar as suas verdadeiras cores. Preciso que discorde de mim e me faça ver além do meu umbigo. Eu preciso que ouça as palavras que não sei como dizer, que esperneiam dentro do meu coração. Preciso que respeite minha fragilidade, meus medos, minhas dores. Preciso desesperadamente, de ter espaço para ser. Eu preciso de liberdade para mudar de idéia e para não mudar. Muito mais do que admito, preciso do colo não-condescendente, o companheiro de luta que não vitimiza nem diminui. Preciso do calor de ouvidos atentos e olhos despertos. Preciso do amor que não cobra resultados ou recompensas. Preciso da crítica que não calunia nem ofende. Eu preciso do cuidado de quem saca que lida com material inflamável de extrema vulnerabilidade. Eu preciso do humor e da alegria que me fazem gargalhar a alma. Eu preciso do incondicional, preciso do vital, preciso do não-perecível, preciso do total. Eu preciso do irmão. (23/02/06)