quinta-feira, dezembro 13, 2007

Ao Final de Dezembro



Eu não acredito em Natal que tem data pra acontecer.

O Natal de verdade, que faz nossas mentes egoístas darem lugar aos nossos corações solidários pode-deve-pede para acontecer todo dia. Mas eu também não acredito em Natal que acontece todo dia. Simplesmente porque é difícil pacas. Não é todo dia que nosso espírito nos permite jorrar a generosidade que temos dentro de nós e fixar os olhos em propósitos elevados e cheios da beleza de ser humano. Somos mundanos também.

O que eu acredito é que o Natal, este que tem data para acontecer, inspira a todos. E os frutos se enxergam no Natal - o Natal, aquele sem data, Natal no sentido - que fica plantado nos corações e retorna, como ondas claras, banhando tantos outros dias do ano.

Neste, que está assinalado na agenda, sempre acontecem histórias que poderiam num piscar de olhos, se transformar em lendas de Natal.

São mobilizações e mais mobilizações para que se doem alimentos, brinquedos, roupas, doces, sonhos. E de repente, os filminhos das Boas Festas reprisados sucessivamente na sessão da tarde não parecem tão água com açúcar assim. Os corais entoando fé, amor e beleza , magicamente se tornam mensageiros das belas novas. E reais.
Vozes pedindo de diversas formas que se abram os corações. Que deixem entrar toda a pureza que ficou subjugada no restante do ano, espremida no calendário.

E o Natal ecoa, e ecoa, e ecoa. Se os ouvidos se permitirem ouvir, acontecerão muitos ecos nos meses seguintes. Não acontecerão todo dia, é verdade. Teremos dias e dias de total anti-Natal particular também. Mas entre um e outro não, há os sins.

E aí vive-se o Natal que eu acredito. Sem data, sem motivo, só coração.


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terça-feira, dezembro 11, 2007

Scent of a man


Foi o perfume que me fez dormir.
Sim, eu tinha sono
queria dormir
iria dormir
Mas a essência suave que vinha do travesseiro me embalou
me tirou da consciência de sins e nãos
me levou para o pulsar do mundo dos sonhos
etéreamente.
Flutuei nuvens na sensação da pele que usou o perfume
encostada no meu rosto
Fechei os olhos e já não queria mais dormir
Sim, tinha sono
Iria dormir
Mas queria mais.
Queria me fundir ao aroma do perfume
Diluída, leve, mareada.
Sorri e dormi
abraçada pelo perfume que ficou no travesseiro.

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segunda-feira, dezembro 03, 2007

Da Igualdade e das Diferenças


Já nos foi dito pelo Mestre para amar o próximo como a nós mesmos.

Acho que Ele quis dizer para amar o próximo - leia-se tratar, olhar, receber, ouvir, descobrir, respeitar, entender o próximo - da maneira como nós gostaríamos de ser amados por nós mesmos.
O trabalho é árduo e o caminho, extenso. Amar a nós mesmos não veio no pacote.
Como tudo de importante, é uma conquista, porque há formas e formas de amar. Para descobrir a melhor, dentro de cada um, há que se travar um combate. O combate das forças opostas que nos habitam.


Será que, por isso é tão difícil oferecer ao próximo, e ao seguinte, e ao outro, um olhar amoroso sobre ele? .
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In a sky full of people
only some want to fly
isn't that crazy?
('Crazy', Seal)
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