terça-feira, janeiro 29, 2008

Odisséia



Ela se chegou à beira do penhasco e sentiu o vento machucar seus cabelos.

Eram fortes. Ela e o vento. E os cabelos, cheios de si e de tinta rubra balançavam ao redor da vida que ela escolhera levar. Era hora de parar. Não a vida, que esta sobreviveria até à morte de todos os seus sonhos; mas a corrida. A corrida enlouquecida na qual ingressara sem saber, sem conhecer o quê a estaria esperando ao cruzar a linha de chegada. Se a conseguisse cruzar.

Parou.

Não correria mais, afinal. Ao menos por hoje, não.

De olhos fechados via, deixando-a para trás, todos os pares de pernas e perguntas que corriam desacompanhados à sua frente.

Voltou-se novamente ao penhasco. Frio. Sólido. Real. Mais próximo do que jamais antes. De pé, sentia o toque gelado das pedras lhe correr pelo corpo e esta, era a única corrida da qual ela poderia ser testemunha agora. Poderia falar sobre o tremor que a temperatura lhe causava no instinto. E sobre a vontade de pular.

Atreveria-se?

Mais este pensamento lhe atravessava enquanto, com os olhos, tocava o abismo.


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segunda-feira, janeiro 28, 2008

Mantras para que o ano seja sempre novo


ENTREGA
*
AUDÁCIA
*
DESCOBERTA DA VOCAÇÃO MAIOR ENTRE TODAS AS VOCAÇÕES
*
DISPONIBILIDADE
*
ENCONTROS DE ALMAS . DA MINHA ALMA COM AS ALMAS IRMÃS
*
ENTUSIASMO
*
FÉ INABALÁVEL NA CAPACIDADE DE APRENDER O QUE EU NÃO SEI E MELHORAR
*
GRATIDÃO
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terça-feira, janeiro 22, 2008

No day but today



You can ride alternative roads
until you meet with your dream again
But it will find you
wherever it is
it lies.
Wherever it is
you hide.
Why dream?
Because we need to feel alive
We need to feel emotion
running through our veins
We will forever
be addicted to this rush.
Dream.
Fill your soul
with reasons to be here
And live blessed
with the curse of
wanting more than mind can show
or eyes can see.
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terça-feira, janeiro 15, 2008

Entre Laços


Meu amor tem olhos criança quando ri, quando chora, quando sonha.

Meu amor tem abraço de chegar em casa quando o mundo faz de conta que não existo.

Meu amor tem diferenças que me colocam a viver, além do meu, um novo mundo.

Meu amor tem açúcar, tem sal, tem pimenta do seu reino.

Meu amor tem rede preguiçosa no fim de tarde, aurora colorida, almoço ajantarado na beira do rio.

Meu amor tem chuva na madrugada, no verão.

Meu amor tem campos, horizontes, oceanos.

Meu amor tem o beijo. Intransitivo.
Meu amor tem pára-raio para acalmar a tempestade.

Meu amor tem fotografias de montar realidade, realidade com algodão doce.

Meu amor tem fé. Tem passado, tem presente, tem futuro.

Meu amor tem plantação de mimos no quintal.

Meu amor tem cadeira cativa nos fenômenos insubstituíveis da vida.

Meu amor tem imperfeições que desenham o seu contorno e o fazem emanar e refletir a luz.

Meu amor tem o contorno para me caber, perfeitamente.

Meu amor tem mãos estendidas para dançar os dias.

Meu amor tem chegada, tem partida, tem encontro.

Meu amor tem amor para me receber.
Meu amor tem voz para falar sobre nós.

Meu amor não nasceu pronto, mas nasceu feito para ser amor.
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domingo, janeiro 13, 2008

O Meu Segredo


"A última fronteira não é o espaço como se disse em Jornada nas Estrelas, é a mente", disse algum dos gurus do extra-super-mega-comentado filme "O Segredo".

A mente cria e destrói realidades. E há, é claro, a "realidade" palpável que nos cerca diariamente. O local onde vivemos, o emprego e os relacionamentos que temos ou perdemos, a imagem que vemos no espelho, nossas deficiências internas (e muitas vezes externas) com as quais lidamos constantemente. São realidades e são nossas, exclusivas. Por trás disto, há toda a extensa discussão sobre o que pode ser considerado realidade, realmente. Sim, quase tudo é mutável e passível de melhora. Falo apenas do momento agora, onde a mudança ainda não aconteceu. Das imagens que ficariam se fizéssemos uma foto neste instante da nossa "realidade", esta eterna mudança.

Como sair de uma realidade que desagrada, que limita, que frustra, que fere, muitas vezes? Acredito, como os citados "gurus", que a mola para toda mudança está sim, dentro de cada um. Uma semente ávida por germinar. Não desconsideremos pois, as limitações - momentâneas, quero crer - que retardam o cultivar de sementes que estão, há tempos, na fila para acontecer.

De olhos abertos, ouvidos atentos, energia muito bem dirigida, com entrega, com disponibillidade, com coragem, com tesão... um belo dia a gente se enxerga diferente. Enxerga a "realidade", as pessoas, as circunstâncias, as limitações, as felicidades, as vontades guardadas ou escancaradas, de forma diferente. Presto! A mágica está em curso para acontecer. A realidade parece, repentinamente, outra.

E assim, simplifiquei um processo que pode demorar uma vida para acontecer. Pode acontecer em cada estação. Pode acontecer algumas poucas vezes. Pode não acontecer. Cada agente escreverá o final de sua própria história.

Para mim, o entrave não se trata de enxergar a realidade de forma diferente. Isto pode acontecer em cada mudança de humor. Manter a nova visão por tempo suficiente para fazer germinar as sementes inéditas, é que me custa o sono.

Diz a galera "deixa-que-eu-resolvo-a-sua-vida" de O Segredo, que a chave consiste em cada pessoa se colocar num estado mental tal, que a faça vivenciar as "realidades" que sonha, em sua mente, como algo já existente em seu dia-a-dia. Sentir-me como eu me sentiria se já tivesse o emprego dos meus sonhos, as férias dos meus sonhos, os amigos dos meus sonhos e até, bens meramente materiais como a casa ou o carro dos meus sonhos. Recomendam que, como preparação para este feito, coloquemos em prática o que for necessário para nos sentirmos bem, pois é daí que sairão todos os impulsos. Ouça as músicas que ama, vá a lugares que ama, esteja com pessoas que lhe façam sentir-se feliz, como a comida que adora, assista àquele filme que lhe emociona. Enfim, se dê prazer, pois deste estado de bem sentir sairá o combustível para as vizualizações da vida que se deseja. Se cerque de tudo que possa alimentar a sua capacidade de coordenar e absorver sua nova realidade. Sim, porque ela já deve existir desta forma em você. Não como algo que um dia possa acontecer. Coloque data no seu sonho. Aconteça nele, como se fosse agora.

Saiba que gastará boa parte do seu tempo trabalhando para descobrir o que realmente quer, isto é importante: dedique-se a conhecer seus verdadeiros anseios. Muitos de nós não nascem sabendo quais serão as conquistas que preencherão a ânsia de seus corações. Uma vez farejadas estas descobertas, estreite seu caminho nesta direção sem medo de abandonar realidades mais "corretas" aos olhos de outrem.

Neste momento me lembro de outro "guru", Paulo Coelho: "Comprometa-se com o seu sonho", ele gosta de dizer. É como se o sonho precisasse saber que você crê nele. E também neste momento, alguém poderia achar que caiu num pesadelo mal-costurado de livros de auto-ajuda ao ler este post. É preciso uma dose considerável de coragem para acreditar em certas coisas que nos foram apresentadas da forma predominantemente comercial. No meio de tanto joio, tem trigo.

Não sei até que ponto este caminho é um caminho, ou se serve para qualquer pessoa. Mas sei que nesta jornada de auto-conhecimento para a qual fomos alçados sem qualquer ensaio, o pré-conceito é uma boa maneira de se chegar a lugar algum. Há que se buscar o novo e se tentar o novo. Se nenhum outro argumento convencer, chamemos apenas de mudança de estratégia.
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segunda-feira, janeiro 07, 2008

Cirandinha


Eu vou solto, descer a serra eu vou
Eu vou me assanhar no mar
Saltando, me enroscar na brisa e no sal
Abrindo os meus braços pro ar

Eu vou subir a montanha, eu vou
Passo por passo trocar
Galgando as alturas que encontro
Na pedra do verde aportar

Eu vou cair na estrada, eu vou
Perdida, sem rumo , me achar
De encontro com o horizonte sem fim
Nas curvas e retas, voar

Na areia, na terra, no asfalto eu vou
Salgando e adoçando o cantar
Com luz, com gente, sem medo eu vou
Buscando o que quer me encontrar

Colinas, encostas, florestas eu vou
No sol e na chuva, acordar
Meu mundo é mais mundo, faceiro eu vou
Fronteira não há de barrar


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quarta-feira, janeiro 02, 2008

Dois mil e oito motivos


Uma prece silenciosa em agradecimento, é o meu momento.

Todo silêncio é feito de prece. Todo momento é feito de prece.

Falando, pensando, querendo, calando. Sempre em prece.

Sempre agradecendo, ao mesmo tempo que pedindo, reclamando, esperando, questionando.

Não me queira mal por isso. Digo à Deus, ou à Deusa, ou às Forças da Natureza, aos Seres Mágicos, aos Anjos, à Luz. É meu jeito agradecer assim, com a cabeça acelerada em volta de todo o mais. Todo o bom e todo o ruim. Indignando-me por tudo, revoltando-me. É meu jeito ser assim. E vendo a beleza suprema em tudo, mesmo nos momentos de ebulição. Mesmo ao abstrair da beleza, piscar longo, por mais de um segundo sem ver. Na consciência, a beleza sempre está. Carregada pela gratidão e pelo deslumbramento. Mesmo no esquecimento do tanto que há para agradecer.

Nesta prece eu faço meu desejo por 2008. Que seja de beleza em tudo quanto há. Que nos sorria larga e generosamente. Que nos liberte de pequenezas e nos lance de encontro ao inesperado. Que nos ajude a abrir os braços e o coração. Ao novo. Aos novos.

Sem fazer vista grossa aos erros, falhas e insuficiências inúmeras, sabendo de todo o espaço que há para ser preenchido e do quanto a Vida espera mais de mim.

Mas ouso. Desejo e agradeço.


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