terça-feira, novembro 28, 2006

Tanto, tanto, tanto

Volta e meia me pego a observar fragmentos de um todo e isto é uma fortíssima característica que me acompanha - ou me persegue rss. Me pego a repensar, reler, rever. E isto, nem de longe é uma âncora como poderia aparentar. Muito mais um trampolim que me leva adiante e sempre. Percebo que certas coisas não podem jamais ficar para trás. O afeto que é ofertado talvez seja a primeira delas. Para mim, impagáveis, jamais deixo de reverenciar, admirar e abraçar os momentos e pessoas que nunca perdem a majestade. Perambulando no Balada do Amor Inabalável (I e II) que me acompanhou durante tanto tempo e me trouxe gente tão linda e plena, involuntariamente me vi a querer guardar mais perto e por mais tempo, momentos de inspiração, carinho, entrega e da mais absoluta generosidade que se possa receber. Vejo que este é um movimento contínuo e cíclico entre as essências de cada um, de impressionante efeito terapêutico, já que a beleza e o sentimento quando transbordam - sejam os nossos próprios ou sejam aqueles aos quais aplaudimos - podem apenas e tão somente contagiar de calor e humanidade tudo à sua volta. Todos os tipos de emoções encontrei nos comentários antigos que me foram deixados então, mas todos têm uma coisa em comum: não se faz necessário ter lido o post que os originou, nem mesmo saber qual era o assunto em questão. O que fica, de tudo e de todos é o clarividente brilho dos espíritos de luz que habitam estes corpos - no breve apanhado que preparei - e nos muitos outros mais que não estão neste momento. Transcritos com total fidelidade dos originais para que pudessem fazer reviver eternos momentos e relembrar cada grandeza. Sobretudo, na passagem do tempo que não existe, a divindade soberana de cada um, resplandece. Ei-la:
[Nathali] [http://certascoisasentrenos.blogspot,com] [Rio de Janeiro] Olá Bia, ´Fiquei emocionada com esse post. Não consegui conter as lágrimas... :'( Que lindo amiga.. que pureza, que doçura de palavras, de sentimentos. Delicado e singelo. Que Deus te abençoe e te proteja com seu manto sagrado. O meu blog, está sem comentários. Não fique triste ou chateada. É um momento necessário para mim e o fiz para reencontrar a minha paz. Continuo postando e sempre te visitarei quando estiver confortável para faze-lo. Um beijoka apertada e ainda emocionada com esse belíssimo post... ;))))))))
[lu] bibis...essa sombra q te acompanha é apenas o começo de uma jornada brilhante, tudo tem seu tempo por mais longo que ele pareça . bjos lu

[Uri] [uribenedutra@yahoo.com.br] [www.fotopalavra.blogspot.com] Idem, idem, idem. Puxa, Bia, tenho a mesma sensação quando navego nesses blogs. Estas pagininhas já mudaram totalmente o conceito de blog. É a celebração da liberdade literária. Cada um escreve o que quer e como quer e como as pessoas escrevem bem, e como elas lêem com sentimento, e como é bom ver um comentário de alguém que leu e sentiu o que vc. sentiu e escreveu. É um prazer vir aqui, seu blog é mto bem feito, as fotos são lindas e os textos... nem precisa falar. Às vezes chego aqui e saio sangrando, ou rindo ou chorando. Mandou bem, falou tudo. Bjão de blogueiro amigo, e obrigado pela menção. Tava tão triste hoje e até fiquei melhor.

[carlos] [carlos.caac@hotmail.com] [experimentandome.zip.net] Nossa, Bia!! Fiquei emocionado agora!! Sabe qual a vontade que me deu agora? De saber onde você está e ir correndo para lá para te dar um grande abraço e te chamar para um passeio de braços dados onde nós pudéssemos conversar sobre qualquer coisa que valha à pena. Minha adimiração por você cresce a cada post, minina.
[ObservadOOr] [infelizmente@nao.com] [www.observadoor.zip.net] Bia... você conseguiu me emocionar pela segunda vez. Não, não precisamos escutar elogios rasgados (as vezes eles nos fazem mais mal do que bem). Mas quando o escutamos, devem provocar a nossa lucidez a fazer o que o racional não nos permite (e nos arrepiar). Gostei deste teu escrito (e confesso que fiquei com uma pontinha de inveja – risos). Abraços e obrigado por tê-lo escrito (este é o colo que eu precisava neste instante).

[Bugra] [fazendadaraia@terra.com.br] [www.sesmarias.blogger.com.br] [Lagoa vermelha] [Imensamente feliz..........] o Fogo reverbera.. recicla.. refaz... posso te chamar de Fênix??? lindo poema... saiu de dentro de um espaço lindo que voc~e tem e que pode explorar bem mais pra gente se deleitar aqui.. vc fogo e eu falando de água.. tanto um como o outro nos deixa mais leves... que bom te ver... moça querida.. bjo grande na palma da mão!

[dexy] [http://dexy.extremus.zip.net] Agradeçoa vista e as consideraçoes verdadeiras.nao é fácil a visao do real sem retoqu.Sou mesmo kamikase(gostei da expressao).é uma catarse.Nao digo o que digo só para chocar.è uma revisao da consciencia,visoes,habito,vicios.Sei lá...necesidade de dizer,rever tudo senao a gente explode.Se tem alguem ouvido é bom...mais ainda se tem snsibilidade e nao tem medo de ver ...Desconfortável meu texto é,sei que é..Leio o seu e fico impressionado pelo teor semelhante da angustia,só qu dito de forma mais doce.De repente,aqui eu poso me acalmar .Sou um deseperado...Caminhamos entre a Utopia e o desepero,Bia.A vida vvida,sentida está pronta para ser modificada...só que o danado do medo,impede.E quem ganha com o medo?Abraço inabalavel...Com certeza estarei aqui colhendo mais brisa,brisa contida.

[Izy] [http://anarkistanokaos2.zip.net] “Ouvir o perigo è ser o próprio perigo! Afeiçoar-se do seu próprio reflexo muito mais do que dos outros contornos Desabilitar-se da capacidade de se afinizar com a miséria própria e com a alheia. “ São pensamentos que revolve o âmago das angústias humanas...A (bela)relação que voce faz da escrita e a voz como meios de expressão que tenta(disse tenta) clarificar a alma como se diante do outro visse o seu duplo ,espelho de ânsias(hunamo); assim,nos revelamos seres capazes de ressuscitar (em si) o melhor que temos.Bia,querida,esta suruba filosófica é um bom sinal...Ainda sentimos,ainda ouvimos,ainda buscamos a VIDA e em não morrer em Vida ,como cita você. “Sentir o urro engatilhado na garganta”.Fico feliz em poder partilhar e ser motivo de estímulo e inspiração para o post de hoje.Nós aqui fazemos um barulho silencioso,pra Diabo,não é mesmo?!!!!dará seus frutos?querer pensar já é ganho. Pode ser..beijao,querida. Izy

[robson] dizer o que?...o que me é compreendido é que cada dia mais e mais não sei se consciente ou inconsciente você deixa aqui a vida mais explícita, e espero que isso seja consciente pois assim a evolução de tua alma e teu intelecto serão cada vez mais iluminados e sempre teremos coisas tão lindas quanto para nos deleitar a alma para que possamos embriagar com tuas palavras. um grande beijo pra você linda.:)

[Eni] [email_da_eni@hotmail.com] [http://www.enigma2005.zip.net] [recife] [confusa] Linda, vim te dar os parabens pelo emprego. Fiquei super curiosa. gostaria muito que vc me mandasse um email, me contando dessa conquista. estou hiper feliz por vc...e amei a fotinha do mar...amo o mar... e os pes na areia sao tudo de bom...que maravilha..vou esperar..bjo e otima semana BIa!

[Luluzinha] [http://eueomeumundinho.zip.net] Não há outro jeito de fazer se não for pelo começo. E somos nós que temos que dar o primeiro passo... Porque um dia teremos que contar a nossa história. E qual história você vai querer contar? Bjos!!!
[wander] [www.outonosemflor.blogspot.com] Que força eu senti nesse seu poema,que luz,que esperança... Que o amanhã seja a resposta de todos nós. beijos

[Lucia] [PONTES4@YAHOO.COM.BR] [radiante] ABSOLUTAMENTE NADA NESTE MUNDO ME FAZ MAIS FELIZ, DO QUE TE VER EM PAZ!DESEJO QUE ESTE SEJA O SEU ESTADO DE ESPÍRITO NÃO DIGO SEMPRE, PORQUE SE FOSSE ASSIM, DEIXARÍAMOS DE DAR O DEVIDO VALOR E NÃO CRESCERÍAMOS, MAS, MESMO EM SITUAÇÕES DIFÍCEIS, ACREDITANDO QUE NUNCA UMA PORTA É FECHADA SEM QUE SE ABRA UMA JANELA. MUITA LUZ NA SUA ESTRADA!

[Lu] [lu-dias.blog.uol.com.br] Poxa amiga... desse jeito não dá pra segurar... tuas palavras me emocionam... posso dizer que, com este estado de espírito, vc está realizando um sonho meu. Grande beijo com vibrações verdes de Esperança e Sorte!!!
[Bailarina das Letras] [www.bailardasletras.zip.net] E você é o resultado da beleza que semeia... E pertence ao mundo como dele tem a sua parte. Beijo enorme!
[Jullyana] [osimorais] Aff Bia!!!Todo dia de niver pra mim é um dia reflexivo tb!Penso no que eu já fui, no que eu acreditada em quantas coisas eu ja deixei de acreditar e me questiono em quantas eu ainda acreditarei..ahhaha Me senti meio Caetano Veloso!!!Mas é bem por ai!!! Pertença-se! Sempre...e os anos passaram sem sentir...mil beijos e seja muito feliz, sempre!!!!!!!!!

[José Sequeira] [joalseq300@hotmail.com ] [http://cacacida.zip.net] [Portugal-Lisboa] A idade, Bia , vale de duas maneiras : por aquilo que já sabemos e pelo tempo que ainda nos resta para aprender mais. Para a idade que tem , você amiga, já sabe muito....e o melhor disso é que o que sabe a ajudou a criar autoestima e confiança. O tempo que virá, mais lhe ensinará! O que desejo do coração, é que seja uma aprendizagem fácil, leve, construtiva, que lhe mostre sempre as duas faces da moeda....mas, se não for possível, ao menos que lhe mostre a face boa. Um abração do josé

[carla] [http://carla-feitosa.blog.uol.com.br/] [rs... não muito bom hoje] oi obrigada pela visita, meu dia foi meio pesado hoje e sua visita me fez sentir que alguém estranho me enxergou um pouco. mil beijos

[Carol Biavati] [http://chao-de-giz.blogspot.com] Querida Bia, ler esse texto foi como um carinho na alma. Perfeito. E vc disse tudo! Absolutamente. E as almas do outro lado querem muito compartilhar o que essa alma aí sente/pensa/expressa! É um fato. E essa ânsia de escrever é sempre bem-vinda... pq realmente ela desafoga, descongestiona tudo por dentro. Faz todo sentido. Só assim esses tantos pensamentos que se chocam podem ter vida-própria, podem ser livres. Só assim, Bia. E que isso sempre aconteça. Para que possamos ter grandes momentos por aqui. Bjs!! =)

[Alex] [http://alexsf.zip.net/] Querida Bia: escrevo-te como quem deturpa a imagem dos lagos e faz refletir o chão em cada gota d'água. Escrevo para terminar com ponto, interrogações e gritar no ouvido do sol, até sentí-lo frio. Esrevo-te com a vontade de lamber asfalto, de sentir minh'asas quebradas e o vento estuprado pela virgindidade humana. Escrevo-te como um abraço, enlaçando-te o gestos e sombras. Esrever é fazer nossa vontade virar palavra na eternidade efêmera dos nossos sentimentos. Te adoro.

[Silvinha] [silviadealmeida@yahoo.com.br] [www.maisdeuma.zip.net] [Rio de Janeiro] Linda! Linda! Linda! É o que posso dizer de alguém que não conheço pessoalmente, mas que se tornou importante por me trazer tanta alegria! por me trazer tanta alegria. Obrigado pela homenagem querida! E saiba que foi maravilhoso ver que todas essas mulheres estão apaixonadas! Ah... como o amor faz bem! Afff... Beijos e Flores, e tudo de melhor pra ti!

[l. rafael nolli] [nolli@bol.com.br] [www.nolli.zip.net] Lindo e lindo - exatamente nessa ordem! Nossa, um ninho, para ser chamado de meu, é tudo de bom! Abraços!
[Sanka] [somdecordemim.zip.net] deus cuidou de me fazer ouvir beto guedes no rádio enquanto lia esse texto. me tocou profundamente esse casamento do que ouço com o que leio agora. acrescentaria que têm pessoas que nos emudecem, tamanha sua grandeza. e estou muda. beijos, querida!

sábado, novembro 25, 2006

Dança


Per l'Anima e il Cuore
sutis sensações
Encontros furtivos
equívocos festivos

Dancemos frente a frente
tão íntimo refrão
Descrenças latentes
expelindo-me, fazendo-me dormente

Espelho responde
ao que tomou por mim
Mas eu, este não viu
ou verá, eis que reflexo não sou

Sou sujeito único
Transpassado de vida
de doar as entranhas
e receber flores colhidas.

Aquele que, posto ao teste
de correr ou estar, surgiu.
Viu, desencarnado, o reflexo
Fugitivo à procura de si.

terça-feira, novembro 21, 2006

O Kamikase



No intervalo de cada bater de asas tomava profundo fôlego. Atravessando a nuvem espessa cerrou os olhos e planou, crendo tão somente no Bem, que traria o céu de depois pleno de azul continuado e não, o rochedo escondido em meio a neblina.
Ah, a fé. A tal que programava os vôos, que calculava as distâncias, que abraçava os medos, que socorria as turbulências, que esticava as asas, que saciava as ausências, que dignificava as máculas, que sustentava os sorrisos, que conduzia as lágrimas, que embalava as inversões, que plantava o nascer.
O solo que se entrevia não mais parecia uma opção, tampouco uma oportunidade. O que seria o pouso, senão a finitude de tudo o que alçara até então? O que seria o chão, não mais que uma fuga para um universo ao qual não ansiava em pertencer? O que seriam os alertas enganadores, senão a covardia da mente tomando posse de um espaço que não era seu? O que seria o erro, além da ponte que, ávida, esperava para atravessar enfim os oceanos, as montanhas, as barreiras de som incomensuráveis? O que seria o fel, esta falsa noção de impossibilidade , traiçoeiramente impodo-se como teste a toda imortalidade que julgara conquistar?
O zunir do vento ecoava desafiando pensamentos débeis na tentativa de provocar a desistência da racionalização enganadora. Só se salvaria no vôo, aquele que abandonasse a explicação e sorvesse, sedento, o deslumbramento.
O peito descompassado sabia como ir adiante. Sabia que não cairia de um segundo andar qualquer, pois voava para além do surgir da aurora; amarela de acreditar.

sábado, novembro 18, 2006

A Falta



Eis que folheava o caderno de escritos antigos , de uma era atrás, nem sei se foi nesta encarnação que escrevi tudo aquilo! Gosto de dar essas incertas no passado de vez em quando. Bom se revisitar, ainda que inequivocamente bata a sensação de estar vestindo uma roupa emprestada que saiu de moda totalmente. Assim, muito mal vestida, pincei um destes pedaços que me saltou aos olhos por eu haver, desde sempre, simpatizado com ele. Me é caro, e esta sensação me agrada. Vejo que meus olhos e poros guardam todas as etapas que ficaram para trás e , hoje em dia, me satisfaz que seja assim. Gosto de saber que meus registros permanecem, a um só tempo, intactos e passíveis da ação do tempo. Sempre meus, únicos e particulares, com a visão que só é cabível a mim, como cada qual guarda a sua verdade.
Observo minhas verdades se renovarem, somarem-se às verdades que chegam do outro, crescerem, ganharem peso, cor , intensidade ou não. Às vezes, apenas diluem-se pra mostrar que nunca foram verdades, apenas âncoras momentâneas. Eu, no porto, vejo as ondas jogarem-se sobre mim e recuarem, como que me convidando ao mergulho. Sopra a brisa, mensageira da maresia, que me penetra e embala. O som contínuo do espaço onde me encontro e existo a cada dia mais envolvida me canta canções de amanhã numa língua estrangeira. Folheava os escritos enquanto este pensamento me atravessava.

Tenho certeza que a madrugada
sente a nossa falta
quase tanto
quanto eu.
Nada mais me restou
para perder
Virei alguém
que aceita migalhas
em nome do amor.
Virei alguém que diz
- eu amo
Sem saber o que fazer
com o amor.
Virei alguém que conta os minutos
Virei alguém que não vê o tempo passar.
Peguei o caminho errado
e cheguei a nenhum lugar
Mas você vive aqui,
em mim
e em qualquer lugar que eu vá.
Estou à deriva na dor
sem o meu louco amor.

(In memorian)

quarta-feira, novembro 15, 2006

Extremos



Me encontrei com um documentário de direção e co-produção brasileiros, que há algum tempo me olhava da prateleira da locadora. À primeira vista, a sinopse diz que a história de "Extremo Sul" se faz assim:

"Atraídos pelo desafio e pelo desconhecido, um grupo de cinco alpinistas sul-americanos planeja uma expedição para escalar o Monte Sarmiento, uma montanha de difícil acesso situada na Terra do Fogo. Uma equipe de cinema viaja junto com eles para documentar a escalada. Porém, afetados pelo isolamento, pelo clima severo e pela visão dos assustadores paredões de gelo, o grupo se depara com novos e inesperados obstáculos que mudam radicalmente o rumo da expedição e do filme. Antes de encarar a montanha, alpinistas e cineastas precisarão enfrentar seus próprios medos e rancores. Os diretores Mônica Schmiedt (Antártida, O Último Continente) e Sylvestre Campe (Ascent of the Lhotse Shar) não desviam as câmeras e registram uma trama densa de superações e impotências. Cheio de belas imagens, Extremo Sul é um corajoso documentário em que o cinema de aventura e o drama psicológico se fundem numa história implacavelmente real, na qual os mistérios da natureza e da alma humana têm papel igualmente decisivo. "

À segunda vista, descobri um enredo que foi muito mais além dentro de mim, que mesmo não sendo nem pretendendo vir a ser alpinista, consegui perfeitamente relacionar tudo o que ocorre ali com o cotidiano mais básico de, acredito eu, qualquer vida. Ocorre que o desfecho da história não foi nada do que eu imagina ser e nem de longe, o filme que eu esperava assistir. Passados os primeiros instantes de um estranhamento que beirou o arrependimento pela escolha da locação, fui percebendo as novas nuances que este interessante documentário começou a desnudar, sem esconder minha admiração pela direção e equipe de produção por conseguir embarcar nos novos rumos que a expedição tomou, e com eles, concluir este projeto. Os olhos que quiserem ver, por certo encontrarão nesta uma hora e meia de exibição + making of, além do espetáculo de fotografia e da emoção que a preparação para viagem causam, muito o que pensar dentro dos seus conceitos de auto-imagem, razões de cada um, frustrações, expectativa e um dilema que para mim é eterno: o que fazer quando, para realizar algo da forma que se idealizava, você precisa de outro (s) e esse (s) pode (m) estar interessado (s) em seguir outros caminhos de outras formas que não comtemplam os seus planos??? "Ir sozinho", poderia ser a resposta pronta. Porém, existem momentos, vontades e viagens cuja alma está toda na parceria. E aí começa o aprender a estar consigo mesmo, muitas vezes no auge da raiva e de uma confusão interna que nos coloca totalmente à prova. Um empurrão para o precipício de querer desistir de absolutamente tudo, feito criança mimada que chora sentido e esperneia até o socorro chegar. Para a vida, é um documentário que vale a pena.

P.S. Falando em documentários, deixo para quem não viu e gosta de brincar de encontrar a alma nas histórias reais e belas, outras dicas: "Língua - Vidas em Português" de Victor Lopez e "Bob Dylan - No Direction Home" de Martin Scorsese. Fizeram muita diferença pra mim.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Soul in slow motion




Ela pisou no palco com as luzes apagadas.
Alongou mais uma vez os músculos obedientes já acostumados ao seu bailar.
Caminhou pé ante pé , com os ouvidos no som que este breve conduzir-se produzia, sentindo a respiração ritmar em sua pisada firme.
Ela subiu no salto com a mente em tudo o que viria.

Cada passo, cada movimento, cada batida.
À frente dela, nada além do breu, iluminando-a para além da estrela mais clara da galáxia mais viva.
O suor que já dava sinais e o sorriso nervoso que não conseguia disfarçar surgindo de leve no canto dos lábios.
A música começou e fez vibrar corpos e coxia e ela sentiu seu coração acelerar irremediavelmente, bombeando lágrima para o olhar que entregue, transbordava.
Ela, satélite, rodopiava alta e altiva pela imensidão, desejosa de que nunca chegasse o final daquele sonho. Ali, era um ser atemporal e feliz.
De longe, pronto para o aplauso, o espírito que era seu a observava num misto de espanto e alívio.
A luz se acendeu e não a encontrou, que já efervescia etérea para dentro da noite emudecida.

terça-feira, novembro 07, 2006

serenidade

a falta
a falsa
o ferro
o fogo

o chão que foge
a paz que queima
o céu que zanga
a luz que meia

a idade de ser
serena
aos confins afins
do mundo

sem par de olhos para
entender
sem mão amiga para
amansar
me traio
com dó maior
castigo
com fel e sal

o ego
ruge
a calma
cala - morta.

- Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.

domingo, novembro 05, 2006

Ensaiando-me - parte l

Percebo que quando criei meu primeiro blog, tinha a necessidade principal de desabafar qualquer coisa guardada na alma. Com o tempo, esta necessidade apesar de permanecer, foi se transformando. Fui me dando conta que poderia também encontrar outros blogs com os quais me identificasse, e muito mais do que isso encontrar as pessoas dos blogs - como Fernanda Young falou das pessoas dos livros . Depois percebi a espantosa qualidade literária (espantosa por se tratar de escritores "anônimos", ao menos do grande público) das pessoas dos blogs, sem deixar de notar o ridículo da razão do meu espanto, já que o brilhantismo e o talento nada tem a ver com a platéia. Depois percebi a maravilha de poder construir um relacionamento com estas mentes brilhantes, ainda que virtualmente, e conhecer um pouquinho de suas almas e vidas. Depois, percebi que havia um genuíno interesse em mim, em aprimorar a minha própria escrita e ser cada dia mais cuidadosa com aquilo que publicava, visando um nível - dentro das minhas possibilidades - que antes não fora uma preocupação. Isto em consideração às pessoas dos blogs que me liam e em consideração à mim mesma e ao meu sonho de escrever. Felizmente, este controle de qualidade se tornou um hábito, o que nem de longe significa que eu fique plenamente satisfeita com o que publico. O blog - primeiro a Balada , depois a Balada ll e agora, o Mi Casa - foi tomando corpo e vida e ganhando espaço em mim, atingindo hoje o status de meu veículo oficial para comunicação. Não que precisemos de um, afinal a comunicação , sempre falha e insuficiente para mim, pode e deve se dar a todo tempo, em toda oportunidade e das mais diversas formas. Desde a comunicação que temos a um, no íntimo, até cada um dos instrumentos e veículos que usamos para estar no mundo e com as pessoas. Seja como for, o blog é para mim, um veículo que deu certo, a exemplo de tantas outras tentativas fracassadas que fazemos para chegar aos ouvidos e corações próximos e à nós mesmos. Este mundo fragmentado dos diários virtuais onde mostramos ocasionamelmente nossos pedaços da forma que nos convém ou da forma que conseguimos, me espanta novamente e agora, no melhor sentido da palavra - que passa pelo encanto - particularmente porque existem pessoas que os lêem e voltam outras e outras vezes, espontâneamente, pela gratificação da experiência, da troca e do próprio encanto.
Muito das vezes, eu consigo meramente vomitar questionamentos e divagações que me balançam , sem sequer chegar próxima de alcançar a beleza literária de criação que encontro nos espaços em que visito. São momentos onde urge a visceral inquietação de expor "um não sei quê, que vem não sei de onde" e dói, ou ri, ou cala, ou grita, ou espera, ou age não sei porquê. E há tantas e tantas inquietações que eu gostaria de dividir e, lamentavelmente me fogem antes que possam chegar ao teclado. Agora mesmo, enquanto escrevo tentando manter um raciocínio linear que possa tanto ser interessante a quem lê, quanto me saciar da urgência de expelí-lo, passeiam vários outros raciocínios em mim que, natimortos, ficarão apenas na memória. O próprio rumo dos textos tende a ser sempre uma surpresa para mim. Não são poucos os posts que começo com uma remota idéia do que poderiam ser, apenas para assistí-los transformar-se em outra coisa com vida própria, cujo final desconheço totalmente, como este.
São ensaios e encenações da minha própria alma, que de quando em quando, descansa nalgumas paragens transformando os raciocínios em intuições que virarão silêncio ou imagens nos quais me encontro enquanto a mente se refresca em alguma outra dimensão.

Ensaios onde descansei o raciocínio - parte ll












Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência
O mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é o tempo que lhe falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para(a vida não para não)
Será que é tempo que me falta pra perceber
Será que temos esse tempo pra perder
E quem quer saber
A vida é tão rara (tão rara)
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para (a vida não para não...a vida não para)
Lenine