Um dia o tolo encontrou o sábio e conversaram.
Disse o sábio:
- Pense muito. Questione muito. Espere muito de si mesmo.
Convide-se a pensar, a ir além, a não se contentar em ouvir as definições que lhe chegam mastigadas e digeridas. A valer-se de toda e qualquer oportunidade de estender os seus limites.
E continuou:
- Para uma mente acomodada, um conceito é apenas mais uma forma de se fechar em si mesma.
Para uma mente livre, um conceito é mais um convite a ultrapassar incessantemente, rumo ao novo.
Tudo o que nos diz a "sociedade" (quem é esta afinal, senão nós mesmos???), a família, os meios de comunicação, a religião, a literatura, a história, a ciência e qualquer outra corrente estruturada para seguir em sua própria direção, é um abrir de portas rumo ao caminho da interrogação. Mais uma oportunidade de perguntar "será?". Um presente desvendado a cada afirmação. Um efervescer de idéias que borbulham incontidas, suplicando para serem consideradas. Um urro que sacode impetuosamente mas permanece manso no seu trotar consciente.
E o sabio encerra, em seu imperioso soar:
- Acorde. Não deixe os conceitos alheios te desenharem. Acorde. Não permita que afirmações paridas de outros ventres lhe digam quem você é, ou até onde chegará com a pessoa que pode ser. Acorde! Não deixe que a moldura já delimitada de outras crenças e estudos determine a sua visão dos passos que a humanidade dará pelo mundo , ou que o mundo dará sobre si mesmo.
E o tolo, atento e confuso, apenas ouviu.