Já ficou mais do que estabelecido que a grande maioria das pessoas leva vidas bastante corridas e pula de um compromisso para o outro quase que alucinadamente.
Sem que eu entendesse porquê, minha personalidade de alguma forma sempre se opôs a isso, estivesse eu vivendo desta forma ou não.
Observando esta questão um pouco mais de perto, notei que mesmo sem a correnteza de obrigações, a disposição da mente das pessoas curiosamente permanece buscando esta forma de arranjo do seu tempo.
Sem que eu entendesse porquê, minha personalidade de alguma forma sempre se opôs a isso, estivesse eu vivendo desta forma ou não.
Observando esta questão um pouco mais de perto, notei que mesmo sem a correnteza de obrigações, a disposição da mente das pessoas curiosamente permanece buscando esta forma de arranjo do seu tempo.
É preciso sempre ter um compromisso, mesmo que seja dentro de sua própria casa. É preciso, ao realizar a tarefa corrente, saber o que virá a seguir. Absolutamente nada contra os compromissos, ou o seu ritmo, porém, esta se torna uma excelente forma de colocar a mente sempre no futuro ou no passado. Em quantos de nossos momentos diários estamos, de fato, atentos para vivê-los?
Note o quanto é raro nos encontrarmos totalmente absortos no que quer que esteja sendo realizado NESTE EXATO MOMENTO. Eu mesma, enquanto escrevo este parágrafo, me questiono sobre a continuidade do texto.
Alguém poderá dizer que isto significa planejar ou mesmo organizar. Bem, o planejamento e a organização são absolutamente fundamentais para a manutenção e conclusão de muitos projetos e etapas na vida, sem falar na imensa carga de responsabilidade que envolve tantas situações pelas quais passamos diariamente e no ritmo ininterruptamente dinâmico que é necessário para fazê-lo - sobretudo no trabalho. Mas isto não equivale a dizer que esse deva ser o único estado mental de nossas vidas. Tampouco significa que, para lidar com a questão, apenas dedicaremos então algumas horas pré-determinadas na semana exclusivamente para relaxar, seja este relaxamento numa atividade moldada para proprocioná-lo - meditação, natação, sono - ou em alguns parcos momentos de lazer.
Da maneira que vejo, relaxamento não é igual a desligamento, ou lentidão, ou ócio improdutivo. Relaxar, significa estar. Estar na situação à qual nos propusemos em dado momento.
Sim, o equilíbrio entre planejar e relaxar é extremamente difícil e muitas vezes, até indesejado. Assim, corremos tanto e tão rapidamente em direção a algo que sequer temos certeza do que é. Um lugar ao sol? Conforto financeiro? Uma lugar mais próximo do sol? Casa, família, convívio social, viagem? Sim! Com certeza estes instrumentos todos podem nos levar a experimentar muitos momentos de profunda felicidade. Li em algum lugar que "dinheiro não traz felicidade, mas ajuda a sofrer em Paris" e concordo totalmente. O conforto proporcionado pelo dinheiro pode ser veículo de vivências incríveis, se bem utilizado. E isto também não equivale a dizer que o dinheiro por si, seria a melhor escolha como grande meta da vida de alguém. De que serve o dinheiro, sem a presença de espírito para verdadeiramente, desfrutá-lo?
Não sou zen, nem de nenhuma outra corrente que pregue o esvaziar da mente, o relaxamento, a conexão profunda com o Eu superior, embora acredite que esta seja uma maneira especial e evoluída de viver, e almeje chegar perto disto em algum momento. Por outro lado, acredito que o entusiasmo aceso e vibrante são ferramentas poderosas para sentir-se bem sucedido e, sobretudo FELIZ, ao final de cada dia. Aí está a "pegadinha". Entusiasmo e vibração, de forma alguma excluem o respirar profundo e entregue que alimenta os momentos onde, de fato, estamos presentes. Sem amarras ao passado, sem desespero pelo futuro. Apenas se propondo a mergulhar de cabeça, corpo e alma naquele instante. Naquela conversa ao telefone, naquele trajeto no meio do trânsito, naquela refeição engolida às pressas sem degustar o sabor e prazer únicos que oferece, naquela música que soou repentina trazendo uma lembrança deliciosa, naquela caminhada despretensiosa num lugar interessantíssimo que sequer notamos.
Há uma energia incrivelmente ativa e poderosa em estar presente. Há também um esforço e dedicação que lhe conduz. Ninguém nasceu sabendo como não se preocupar com o que acabou de passar , ou com o que virá a seguir. Como em incontáveis outros desafios, é preciso nos educar.
Impossível falar em estar no momento em que se vive, sem falar em se perceber, se conhecer, se gostar. Quanto maior o tempo dedicado a desvendar esta pessoa cheia de nuances e particularidades que habita dentro de cada um, muito maiores as chances de fazer escolhas acertadas e felizes sobre como utilizar o seu bem mais precioso: seu tempo. Este sim, corre alucinadamente e, para complicar mais um tanto, não volta jamais, sempre nos acenando com a mensagem de que deve verdadeiramente ser sorvido até a última gota de suas possibilidades.
Perguntar-se regularmente "o que eu realmente quero fazer" não vai eliminar as obrigatoriedades da vida moderna, mas vai nos colocar expressivamente mais próximos das vontades que alimentamos e calamos, sem conseguir reservar para elas um horário na agenda.
Foi-se mais da metade deste ano de 2008 que, parecia, começava ontem. Quanto dele foi vivido na construção e realização dos momentos onde o desejo urgia por estar?
3 comentários:
Um texto muito oportuno, Bia. Esse último parágrafo dá uma sacudida na gente.
Ótimo domingo e um beijo.
Nada melhor que aproveitar esse momento para elogiar seu texto, você está cada vez melhor, parabéns!
Espero que ele seja publicado logo no jornal! Sim estou no futuro... mas a realização também começa assim!
Bjinhos!!!
OLÁ... AMEU SEU BLOG..
ADOREI OS TEXTOS...
PARABÉNS...
ME VISITE QNDO PUDER...
ABRAÇOS...
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