domingo, dezembro 10, 2006

Eu carrego seu coração


O torpor me cerca, me abraça, me contém. São os momentos onde bate a consciência de que à minha volta o amor que paira, que deveria sempre pairar é tão insuficiente. E insuficiente, para o amor, na verdade é nada. E quando falo em amor, falo daquele sentido mais elevado de vida, daquela ação, daquela postura, daquela forma de enxergar a si, às pessoas e ao estar vivo. O amor é uma atitude através da qual se está no mundo, ou não. O amor é um condescender com as imperfeições alheias que são tantas e tão reflexo das nossas próprias. O amor é um não se deixar diminuir e espezinhar. O amor é um não se permitir ser objeto de um julgamento pseudo-superior e delirante. O amor é um dizer ao outro e à si que está tudo bem com as nossas diferenças e que elas não podem ser um passaporte de saída das outras vidas que nos compõem. O amor é um saber-se absolutamente incapacitado para condenar uma alma da qual não somos senhores e isto vale também para a nossa própria. O amor é uma capacidade de percepção que nos impede de prendermo-nos às mesquinharias que são um caminho mais fácil e mais vazio. O amor, aquele bíblico, que não morre nunca, visto que é a força motora que nos conduz e perpetua-se somente através de nós. O amor que nos acorda de forma brusca ou terna e nos suga de volta das profundezas nas quais nos permitimos cair, perplexos. O amor que não tolera perceber-se diminuído, tanto quanto não tolera ver-se descartado. O amor que nos toma nos olhos, boca e ouvidos e nos cura da expressão medíocre que nos tenta diariamente a ser menores. O amor que suporta tudo, mas sábio, não aceita a displicência. O amor inclassificável, que encontra em cada sua morada uma nova forma de existir. O amor que não ameaça nem pune. O amor que nos faz acreditar que nosso lugar é estar além. E continuar.

I carry your heart with me - E.E. Cummings
"I carry your heart with me (I carry it in my heart)
I am never without it (anywhere I go you go, my dear; and whatever is done by only me is your doing, my darling)
I fear no fate (for you are my fate, my sweet)
I want no world (for beautiful you are my world, my true)
And it's you are whatever a moon has always meant
And whatever a sun will always sing is you
Here is the deepest secret nobody knows
Here is the root of the root and the bud of the bud And the sky of the sky of a tree called life; which grows higher than the soul can hope or mind can hide And this is the wonder that's keeping the stars apart
I carry your heart (I carry it in my heart)."

7 comentários:

Anônimo disse...

Olá...andei sumida, pois meu pai(mora comigo), não está muito bem de saúde, até no hospital ele ficou por 3 dias.Tá corrido por aqui, mas sempre estou lendo vc.Aliás comecei meu blog, mas não tá atualizado, e adicionei seu amigo dexy tb. Tentando suprerar meu lado carente e meio depressivo, vivo aqui e as vezes pelos quatro cantos...rsrsrs.!A foto é linda, e a sensação de lembrar o qto olhava minha mãe desta mesma forma(qtas vezes)...saudade!!!É um abraço claro e o sentimento é mais pelo olhar do que por palavras. Pensava que talvez por ser pequena eu não fosse nada aos olhos dela(engano né)...queria ser alta e bonita como ela, eu tinha ambição e nem sabia desta palavra...o que valia a pena era viver a cada segundo por ela.bjs

Anônimo disse...

Estou sem palavras... deixarei as suas fazendo efeito em mim!
Estou aqui pra te escutar, pra te ver. A foto tb diz tanto, ai... beijos minha linda!

Anônimo disse...

Dei uma lida em tudo que havia perdido por aqui. Fiquei com vontade de ver o espetáculo de que falou.
Sabe, Bia, ando mais chorona que o de costume. Estou aqui com os olhos inchados do tanto que chorei esses dias...
Me emocionou o seu comentário. Bom “ouvir” suas palavras aí de Piracicaba... ando tão desgostosa de mim...
Costumo dizer que não tenho talento para a tristeza. Não gosto dela. Mas ultimamente tem sido difícil de mandá-la embora. Passa, né? Tem que passar!
Beijo grande de quem te tem um carinho enorme... maior do que essa distancia norte-sul.

Anônimo disse...

"Morreu de velho na solidão, sem uma queixa, sem um protesto, sem uma só tentativa de deslealdade, atormentado pelas lembranças e pelas borboletas amarelas que não lhe concederam um instante de paz e publicamente repudiado como ladrão de galinhas" (Gabriel García Márquez in Cem Anos de Solidão).
Solidão não existe no mundo dos blogs....
Beijos

Anônimo disse...

Minha querida, que texto intenso e belo! gostei demais do final, quando vc fala de estar além, gosto de estar assim. Faz tempo que esqueci meu coração num freezer. E não aparece ninguém pra tirá-lo de lá... hehe. Beijos meus.

Anônimo disse...

Aqui no Rio o show do Teatro Mágico foi ótimo! Já estão marcando novo show!

beijos!

Anônimo disse...

oi Bia,querida estou com problemas na caixa do comentario,espero que passe.Tudo bem?Como sempre ,um texto sensível.Deixo meu abraço amigo.