quinta-feira, dezembro 14, 2006

Limite Horizontal



A corda bamba que tinha para descansar, sempre por um triz, sempre por um fio, sempre a um passo da queda ou do salto para o infinito ninava todos os senões e exclamações que se sucediam no dia sim, dia não de cada temporada.
O céu sorria do alto, a terra intermediava o abraço, o inferno fechava os olhos e cerrava os dentes para os dementes bambeares. Os mesmo que acometiam temporada sim, temporada não, e revezavam a sustentação da corda com a firmeza das pontas de pés errantes.
Carregava todas as pedras no seu descanso e depositava sobre a corda pesos desnecessários e plumas soltas do recosto de suas decolagens espaciais.
Para um lado ou outro ia a bamba, e toda tentativa de equilíbrio era recebida com violentas sacolejadas que duravam uma fração de passagem de tempo, mas pareciam durar todo o trajeto.
Talvez a corda estivesse a um palmo do chão. Talvez sombreasse a atmosfera. Porém para prescindir da corda era preciso um pára-quedas, um avião, uma motivação suicida que se bastasse como um fim em si mesma. Nunca lhe seria oferecida sinalização, explicação, proteção. A continuação natural seria que a rede de segurança não lhe surportasse os ossos, como nunca haveria de surportar até então. Esta era a sensação ao menos; um pára-quedas que não abriu, o avião que não encontrou pouso, a motivação que ficou sem combustível. Nada se ganhou, nada se perdeu. Nos passos, a corda oscilava na troca de pés que retesaram a linha sustentada n'algum lugar onde não se conhece o nome, ou o gosto, ou a forma, ou o atalho para chegar. Prevalece o impreciso da passagem estreita o suficiente para ser cruzada um a um. Para ser cruzada por muitos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu queria uma corda firme pra amarrar um coração. Se ela fosse bamba não amarraria com precisão... rimou, mas não era pra rimar. Eu juro. Beijo.

Anônimo disse...

Corda bamba....como sei o que é isso...heheheeh
Beijão querida...te espero lá no meu blog hein...
bjs