quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Feitiçaria
Postado por Bianca Helena às 6:53 PM 9 comentários
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
Minha
Observo-me cuidadosamente sem sequer me olhar.
Venho de vindas e idas, de idas sem vindas, de voltas, revoltas, partidas.
Mulher tem este jeito de se conferir, parece. Anotar ali no caderninho todos os seus pontos contra e a favor. Somar-se, subtraír-se, traír-se, sabotar-se, aplaudir-se. E de suas anotações, não se esquece jamais.
Não sei como é que funcionam todas as outras mulheres, embora tenha um bom parâmetro nas mulheres incríveis que conheço. Eu, porém, preciso ser cada dia mais minha. Sabe como é?
Você acorda de manhã, sem absolutamente nenhum aparente motivo para sentir mais ou melhor qualquer traço de existência que seja. Num giro de pescoço, voilá! Nota, a partir do nada que está tão bem para uma você... Nota que, mesmo que pudesse estar muito melhor, poderia também estar tão abaixo de si mesma em tanta coisa e no entanto esta aí: toda sua.
Travou suas batalhas e sabe que guerreará até o último dos seus dias de uma forma ou de outra. Chorou os seus medos, muitos do quais suspeita que não conseguirá se livrar. Ovacionou suas conquistas, ainda que silenciosamente, no íntimo dos seus pulsares. Ergueu-se pensando não poder ir nada além. Caiu, quando finalmente tudo parecia estar tão certo.
Estarreceu-se. Completa e profundamente, estarreceu-se com o que há de pior no ruim. Descobriu pequenezas e mesquinharias que sequer imaginava algum dia presenciar. Encontrou pedregulhos e montanhas no meio do caminho. Fez nascer asas. Não só aprendeu a nadar, mas foi contra a corrente dos pasteurizados.
Ser sua suprimiu quase sempre até as maiores carências. E até essas te fizeram sua como você só. Sempre que quis ou precisou do que quer que estivesse ausente, conseguiu um tempo de olhar um pouco mais pra dentro ou um tanto mais pra fora...mas, olhar. E viu, soube, percebeu. Verdades tantas de um interior. Jornadas fantásticas de saber-se e de ter-se. E a carência é tão necessária também. "Qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade..."
Esta sensação doída e revolta de despedaçar o casulo. E sempre solta para cada novo abrir de casulo.
O que muda da mulher-menina que um dia fui para a guerreira-feiticeira que um dia quero ser, eu não sei. Mas elas são lados idênticos da batalhadora que sou hoje. Luto lutas erradas também. Muitas. Em tantas vezes o combate não parece bom. No entanto surgirão sempre novos combates, tenazes, confusos, vãos. Nada disso me importa, nada disso afugenta quem eu sou ('sou' do que já sou e do que talvez nunca seja).
Observo as imperfeições que são tão eu. Me sinto em cada palmo de pele exposta, em cada tremer de cílios, em cada vontade de me surpreender um pouco mais comigo.
Postado por Bianca Helena às 7:36 PM 4 comentários
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Would you light my candle?
Postado por Bianca Helena às 8:48 PM 4 comentários
domingo, fevereiro 11, 2007
Cartas a um Jovem Poeta - Primeira Carta
Prezadíssimo Senhor,
Postado por Bianca Helena às 10:57 AM 4 comentários
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
Naftalina
Perambulando em escritos que ficaram esquecidos, para os quais eu gostaria de me redimir e dar um pouco de atenção.
A Verdade
Eu estou aprendendo
Estou aprendendo a caminhar
Estou aprendendo a me defender sem atacar
Estou aprendendo a ficar de pé diante das palavras duras
Estou tentando aprender a suportar os meios necessários
para chegar aos fins.
Eu estou aprendendo
que nem todo sorriso é amizade,
Nem todo carinho é confiança,
Nem toda ausência é rejeição
Eu estou aprendendo e vou continuar a aprender
que nada é o que parece ser
que dores profundas, às vezes significam
felicidades futuras
Que mal-entendidos continuarão imcompreendidos
se não forem devidamente explicados
Que se pode detestar momentaneamente
pessoas a quem se ama profundamente
Que as maiores dádivas da vida
chegam sem se anunciar
e podem partir com a mesma sutileza
E mais do que isso,
muitas das maiores dádivas
estão presentes diariamente.
Estou sempre aprendendo
que nenhuma mágoa pode me destruir
que nenhuma decepção pode me diminuir
que nenhum dos ataques cotidianos que acontecem a todo momento
podem endurecer meu coração.
Estou aprendendo
a lutar para ser
o que eu quero ser,
e a descobrir o que preciso saber
E que, meus objetivos
são muito maiores do que todos
os buracos do caminho
Que eu sou muito mais eu
E que tudo,
absolutamente tudo
é apenas uma questão de resistência.
(28 de abril de 2003)
Cavalos e Borboletas
A frustração, hoje
está cortando na alma.
Desenfreada
como um puro-sangue
sem rédeas nem cavaleiro.
Consigo ver minha frustração,
negra, lustrosa, imponente
correndo louca
pelos campos sem fim
Aquele momento de lucidez
onde algo no seu âmago
exige
que hajam mudanças
Que, a partir de agora,
o passado esteja proibido
de ser visitado
e o futuro, proibido
de ser imaginado.
No presente,
a mais insaciável
ação
A potência máxima
da iniciativa
A atitude sem lamento,
sem senão
e o medo repudiado
e condenado ao esquecimento.
A afirmativa incontestável
da constância que existe
única e tão somente
na mudança.
Transformação total
e os olhos brilham
reconhecendo as borboletas
saindo com esforço do casulo
e voando para outros céus.
Pousando em todas as flores
sem levá-las consigo.
As borboletas da realização
dando adeus e pousando novamente
a todo instante
E os cavalos da frustração
correndo velozmente sem destino.
(23 de março de 2003)
Alma Supostamente Gêmea
Te escrevo
Para dizer que
comigo está tudo bem.
E com você, também?
Tenho tido
alguma dificuldade
em encontrar
meu caminho.
Talvez por isso
ainda demore um pouco
para chegar até você.
Espero que não tenha problema...
Você já sabe qual é o seu?
O seu caminho, quero dizer.
Me escreva contando os detalhes.
Quero saber qual a sensação
de encontrar.
Como é que você soube que era
o seu caminho?
Está feliz agora?
Será que é por isso
que sinto a felicidade tão perto?
Às vezes fica tudo estranho
Como se estivesse assistindo
ao filme da vida de outra pessoa
Sabe como é?
Você sente isso?
Você escreve quando não pode
dizer o que sente?
O que é que temos em comum?
Você também precisa
de música para viver,
como se fosse o ar?
Você também acha que
o êxtase máximo da vida
é aquele breve momento de plena harmonia?
Você também desconfia sempre
de quem não expõe tudo o que pensa?
Você também se irrita terrivelmente
com quem não tem
muito o que dizer?
Você já chegou ao cúmulo
de escrever para alguém
que pode perfeitamente
não existir???
Você acha muitíssimo difícil
entender as pessoas ou
prefere pensar que
as pessoas não são feitas
para ser entendidas?
Bom, no mais,
acho que está mesmo
tudo bem.
Acho que as coisas,
por alguma razão misteriosa,
estão exatamente onde
deveriam estar,
embora eu não tenha certeza
do que isso signifique.
E você, o que acha?
Será que algum dia
eu vou saber?
Sem mais, fico por aqui
Eternamente sua
se a eternidade existir, é claro.
(26 de agosto de 2003)
Postado por Bianca Helena às 10:32 PM 5 comentários
terça-feira, fevereiro 06, 2007
Os Afins
Não importa o tempo, a ausência,os adiantamentos,a distância, as impossibilidades.
Quando há AFINIDADE,qualquer reencontro retoma a relação,o diálogo, a conversa,o afeto, no exato ponto de onde foi interrompido.
AFINDADE é não haver tempo mediante a vida.
É a vitória do adivinhado sobre o real, do subjetivo sobre o objetivo,do permanente sobre o passageiro,do básico sobre o superficial.
Ter AFINIDADE é muito raro,mas quando ela existe,não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Ela existia antes do conhecimento,irradia durante e permanece depois que as pessoas deixam de estar juntas.
AFINIDADE é ficar longe,pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam,comovem, sensibilizam.
AFINIDADE é receber o que vem de dentro com uma aceitação anterior ao entendimento.
AFINIDADE é sentir com,sem sentir contra, sem sentir para.
Sentir com e não ter necessidade de explicação do que está sentindo. É olhar e perceber.
AFINIDADE é um sentimento singular,discreto e independente.
Pode existir a quilômetros de distância, mas é adivinhado na maneira de falar,de escrever, de andar, de respirar...
AFINIDADE é retomar a relação no tempo em que parou.
Porque ele (tempo) e ela (separação) nunca existiram.
Foi apenas a oportunidade dada (tirada) pelo tempo para que a maturação pudesse ocorrer e que cada pessoa pudesse ser cada vez mais."
(Artur Da Távola)
Postado por Bianca Helena às 6:35 PM 7 comentários
domingo, fevereiro 04, 2007
Noites com Sol
Postado por Bianca Helena às 2:31 PM 6 comentários
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
Canto porque o instante existe
Cristais existem na força da sua fragilidade e não têem como esconder nada. São, ainda, de uma transparência desconcertante. Emitem e refletem a luz, unem o brilho de dentro com o brilho que mora fora. São espelho para os outros todos elementos que lhe cercam.
Enchem-se, esvaziam-se... Viram taça para todos os tipos de licores, viram jóia para todos os tipos de riquezas, viram símbolo para todos os tipos de amores.
Pessoas são tão cristais...Na sanidade infértil, na loucura embebida de pulsação.
Nos vendavais que redemoinham no recôndito do espírito. Nas tempestades que inundam sentimentos da dor de existir.
No desarvorar da fortaleza de cada ser, procurando abrigo, arrego, amigo. No poder imortal de saber-se finito, e assim, bonito, encher-se de raízes e de asas.
Pessoas são onda salina que se desmancha e deslancha repentina porque soube da praia. São arco do mais puro triunfo, que se orgulha pelo súbito vislumbre de realizar.
Pessoas querem e podem tudo. Pessoas não entendem o mundo.
Pessoas sentem falta de uma casa distante que mora dentro, de um colo de mãe que acalma o tormento, de um encontro redentor que lhes aporta no cais.
Do caos, lamento. Saudade de quem foi, do sonho que estilhaçou, do plano perfeito que falhou deixando só o coração.
Na garra exaurida da guerrilha perdida, apresentam-se as novas armas. Sabotam-se, sem o saber... quando, instante breve, quase crêem não poder. Mas armas passadas não abrem caminhos. Sabem-se maiores, vivem-se melhores, sentem-se totais.
Intocáveis pessoas de riso, gozo e olvido. Indestrutíveis pessoas de dúvidas certas e afirmações equilibristas. Sarristas de si. Sonoro abrir de sorriso, liberto, desperto em manhã de conquistar ao seu par mais perfeito: seu profundo, particular encontrar.
Postado por Bianca Helena às 5:45 PM 3 comentários