quinta-feira, novembro 29, 2007
Para deixar viver
Postado por Bianca Helena às 7:23 PM 5 comentários
segunda-feira, novembro 26, 2007
Íntima
Postado por Bianca Helena às 8:07 PM 5 comentários
sábado, novembro 24, 2007
Para antes de morrer
Em "Antes que você morra", entre muitas outras viagens, Osho nos leva nesta:
A primeira vez em que se ouviu falar do Mestre Shibli foi quando Mansur Al Hillaj estava sendo assassinado. Shibli era companheiro e amigo de Al Hillaj. Muita gente foi assassinada em tempos passados pelos pretensos religiosos. Jesus foi morto...mas nunca houve um assassinato como o de Al Hillaj; esse foi o mais terrível de todos. Jesus foi simplesmente crucificado, mas Al Hillaj não foi simplesmente crucificado. Ele foi crucificado, mas primeiro lhe cortaram as pernas - e ele estava vivo - e depois as mãos; foi verdadeiramente torturado. Em seguida, sua língua também foi decepada e seus olhos arrancados - e ele ainda estava vivo. E depois cortaram o seu pescoço e o fizeram em pedaços. A primeira vez que se ouviu falar de Shibli foi nesse momento. Cem mil pessoas estavam reunidas para jogar pedras e ridicularizar Mansur. E que crime teria ele cometido? Que pecado havia cometido? Ele não havia cometido qualquer pecado, qualquer crime. Seu único crime foi o de ter dito "Anal Hak", que significa "Eu sou a verdade, eu sou Deus". Se ele estivesse na Índia, o povo o teria adorado durante séculos. Todos os videntes dos Upanixades declaram isto: "Aham Brahmasmi" - "Eu sou Brahma, o Eu Supremo". Anal Hak não é outra coisa senão uma tradução de Aham Brahmasmi. Mas os muçulmanos não podiam tolerar tal coisa.
(...) Mansur é um dos maiores Sufis. Nenhum outro homem na tradição Sufi é comparável e ele. E ele foi assassinado. O povo estava atirando pedras nele, e Shibli estava no meio da multidão. Mansur estava rindo e achando graça. Quando deceparam seus pés, ele apanhou o sangue nas mãos e as lavou com ele, assim como os muçulmanos fazem com a água - wazu. E alguém da multidão perguntou: "O que você está fazendo, Mansur?".
Mansur respondeu: "Como é que se pode fazer wazu com água? Como se pode lavar-se com água? - porque o crime você cometeu com seu sangue, o pecado você comente com sangue, então como se pode purificar com água? Só o sangue pode ser a purificação. Estou purificando minhas mãos, estou me aprontando para a oração."
Alguém riu e disse: "Você é um tolo! Está se aprontando para a oração? Ou está se aprontando para ser assassinado? "
Mansur riu e respondeu: "A verdadeira oração é isto - morrer. Vocês estão me ajudando na minha oração final, a última. E este corpo não pode fazer nada melhor, não pode ser usado de forma melhor - vocês estão me sacrificando no altar do Divino. Esta será minha última oração no mundo."
Quando começaram a decepar suas mãos, ele disse: "Esperem um instante! Deixem-me orar, porque quando eu não tiver mais as mãos, será mais difícil." Então olhou para o céu, orou a Deus e disse: "Perdoe estas pessoas, porque não sabem o que fazem". E falou a Deus: "Você não pode me enganar, seu grande enganador! Eu posso vê-lo em cada pessoa presente aqui. Está tentando me enganar? Você veio como o assassino? Como o inimigo? Mas eu lhe digo, você não pode me enganar, eu o reconhecerei sob qualquer forma que apareça - porque o reconheci dentro de mim mesmo. Agora não ha´possibilidade de engano."
As pessoas atiravam pedras e lama, e Shibli estava ali. Mansur estava rindo e sorrindo, e de súbito começou a gritar e chorar, porque Shibli havia jogado uma rosa em Mansur. Pedras - ele ria. Uma rosa - começou a chorar e a gritar. Alguém perguntou: "O que aconteceu? Com pedras você ri - ficou louco? Shibli atirou apenas uma rosa. Por que você está chorando e gritando tanto?"
Mansur respondeu: "As pessoas que estão atirando pedras não sabem o que fazem, mas este Shibli tem que saber. Para ele será difícil obter o perdão de Deus."
Shibli era um grande sábio erudito, conhecia todas as escrituras. Era um homem de conhecimento. E Mansur disse: "Os outros serão perdoados, porque estão agindo na ignorância, não podem evitar. Não importa o que façam, esta´bem. Na sua cegueira, é tudo que podem fazer, não se pode esperar mais do que isso. Mas Shibli - um homem que sabe! Um homem de conhecimento... será difícil para ele obter perdão. Eis porque eu choro e grito por ele. Ele é o único aqui que está cometendo pecado. Ele sabe! É por isso".
Isto é algo a ser compreendido. Você não pode cometer pecado quando você é ignorante. Como pode cometer um pecado, quando é ignorante? A responsabilidade não está em você; mas quando você sabe, então a responsabilidade está presente. O conhecimento é a maior responsabilidade, o conhecimento o faz responsável. E esta afirmação de Mansur transformou Shibli completamente. Ele se tornou um homem totalmente diferente. Jogou fora o Alcorão, as escrituras e disse: "Elas não me puderam fazer entender nem isto: que todo conhecimento é inútil. Agora vou procurar o verdadeiro conhecimento". E mais tarde, quando lhe pediram que comentasse a afirmação de Mansur, perguntaram: "Qual era o problema? Por que você jogou a flor?" E Shibli respondeu: "Eu estava na multidão e fiquei com medo dela - se não jogasse algo as pessoas poderiam pensar que eu pertencia ao grupo de Mansur. Podiam pensar que também sou companheiro e amigo, podiam se tornar violentas comigo. Eu não podia jogar pedras porque sabia que Mansur era inocente, mas também não tive coragem suficiente para não jogar nada. Eis porque atirei a flor - apenas um comprometimento. E Mansur estava certo ao chorar: chorou pelo meu medo, pela minha covardia. Chorou porque todo o meu conhecimento e tudo o que acumulei a vida toda fora inútil - eu estava comprometido com a multidão".
Todos os eruditos são cúmplices da multidão, são comprometidos com a multidão, por isso é que você jamais ouviu falar de um erudito crucificado por ela. Eles são seguidores da multidão, sempre se comprometem, E a sua cumplicidade é esta: curvam-se quando comparecem diante de Buda ou de Mansur e também se curvam diante da multidão. São gente astuta, muito astuta.
Mas Shibli mudou completamente, ele compreendeu. O sentimento de Mansur por ele e os soluços de Mansur se tornaram uma transformação.
E mais tarde Shibli se tornou um Mestre por seu próprio direito. Levou pelo menos doze anos para isso, perambulando como um vagabundo, um pedinte. E as pessoas perguntavam: "Por que você anda por aí? De que se arrepende?" - porque continuamente ele batia no peito, chorava e soluçava. Quando entrava na mesquita, chorava tanto que todos da aldeia se reuniam. Era tão comovente, uma angústia tão grande, que o povo perguntava: "O que você está fazendo? Que pecado cometeu?".
E ele dizia: "Matei Mansur. Ninguém ali era responsável, mas eu poderia ter compreendido. E joguei uma flor nele, comprometi-me com a multidão, fui covarde. Eu poderia tê-lo salvo, mas perdi o momento. Eis por que me arrependo."
Ele se arrependeu a vida inteira. O arrependimento pode ser tornar um fenômeno muito profundo, se você compreende a responsabilidade. Então, mesmo uma coisa pequena, caso se torne um arrependimento...não apenas verbal, não apenas na superfície; se atinge fundo suas raízes, se você se arrepende desde as suas raízes, se todo o seu ser se sacode, treme, chora e as lágrimas brotam; não apenas de seus olhos, mas de cada célula de seu corpo, então o arrependimento se torna uma transfiguração. Este é o significado do que Jesus repetidas vezes diz: "Arrependam-se!".
O mestre de Jesus, João Batista, não tem muito mais a dizer. Toda a sua mensagem se resume em: "Arrependam-se!" - porque o Reino de Deus está próximo. Ele já vai chegar - arrependam-se antes disso!". O arrependimento - não só mental, mas total - limpa e purifica. Nada pode purificá-lo tanto, ele é uma fogueira, queima todo lixo que existe em você.
Os soluços de Mansur perseguiram Shibli continuamente durante toda a sua vida. Acordando ou dormindo, as lágrimas de Mansur o perseguiam. E isso se tornou uma transformação. Isso é o que um Mestre, somente um grande Mestre, pode fazer - e Mansur o fez. Mesmo quando estava morrendo, transformou um homem como Shibli. Mesmo morrendo, usou sua morte para transformar este homem. Um mestre continua, vivendo ou morrendo, ou mesmo depois de morto, continua usando todas as oportunidades para transformar as pessoas.
***
Agora vejo em parte, mas então veremos face a face - O indiano Osho, tornou-se professor de filosofia e trilhou o caminho da descoberta da eternidade - fora das "memórias do passado e da antecipação do futuro" desde muito cedo. Aprendeu e desenvolveu técnicas de meditação e saiu pelo mundo em busca de difundir e aprimorar conhecimentos, e encontrar pessoas. Tido como louco em seu tempo e como lenda após o final de sua vida, Osho não acreditava na mortalidade. "Nunca nasceu, nunca morreu. Apenas visitou este planeta Terra", dizia sua cripta.
Como a Bíblia e outros livros-guias de grandes Mestres, os escritos de Osho são (para mim) metáforas de interpretações inúmeras. Jamais acreditei na leitura literal que muito se insiste em fazer deles e no conceito de culpa e arrependimento que a igreja católica, entre outras, se empenha tanto em divulgar. Da forma como foi contado aqui, me soa muito mais como uma tomada de consciência verdadeira, um caminho para a descoberta de algo maior dentro de nós mesmos.
Tudo o que vale a pena ler está nas entrelinhas.
Namastê.
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quinta-feira, novembro 22, 2007
Wondering
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segunda-feira, novembro 19, 2007
Puro Sangue
Feito de instinto, percepção e vontades inexplicáveis. Capaz de contradizer e contrariar suas próprias crenças a todo momento. Capaz de perder interesse no que já lhe foi essencial. Capaz de atrair-se pelo que já lhe repeliu. Capaz e imprevisível, sobretudo para si mesmo.
Nuance de cores puras. Tons vivos e pastéis da própria aquarela.
Usa a razão para se provar que acredita em valores pré-determinados e rompe com tudo quando surgem novas paisagens.
Bicho do mato. Fera na gaiola. Pássaro solto. Homem.
A evolução natural de uma espécie que escolhe seus parceiros pelo cheiro. O retrocesso elementar de uma raça que não mata para comer.
Este ser, humano e imperfeito que educa a cria à sua própria imagem e semelhança , justificando que é este o seu Deus.
Se cobre de grifes, perfumes, personas, circunstâncias, mas nunca consegue se explicar. É o sol, quando beija de leve a face da lua. É a lua, quando se entrega à noite em silêncio.
Assiste impassível ao choque de seu campo magnético com o campo magnético de seus semelhantes. Nunca igual, sempre buscando alguma identificação.
É o vento que sopra de repente e desarruma laços feitos para durar. Mostra garras e dentes quando ameaçado e defende o diálogo, na teoria.
É talvez o único animal que não se reconhece animal.
Erra sempre, mas jamais enumera seus erros.
Disfarçado, inexplorado, adormecido, mas sim, um selvagem.
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terça-feira, novembro 13, 2007
Espelhos
Perguntam sem a menor cerimônia "quem sou eu", como se não fosse falta de respeito colocar uma pessoa contra a parede assim.
Como se esta fosse uma pergunta para a qual existisse resposta.
E lá vou eu. Vou fazendo perguntas para as quais não conheço a resposta. Acho que isso é bom, às vezes. Sinto que isso me enlouquece, quase sempre.
Não saberia o que fazer com as respostas anyway. Tento hoje viver as perguntas, uma de cada vez, quando dá.
Sei que não enxergo o mundo como ele é, enxergo o mundo como eu sou. E dá-lhe reflexões e encucações. Aí, chega a hora em que desencano de tudo. Aprendi a leveza também. Aprendi que a leveza é onde me sinto bem, que carregar pesos milenares não combina com a pessoa que eu quero ser.
Escorrego nas minhas próprias determinações. Tenho na ponta da língua a teoria de como algo deve ser, mas a prática me sacaneia todas as vezes.
Me enxergo maior do que sou. Me enxergo menor do que sou. Não tenho a noção do meu tamanho real.
Fico para morrer de indignação e sofrimento quando alguém me decepciona e me fere. Aí lembro que ninguém veio ao mundo para atender às minhas expectativas de como agir, e isso me consola por um tempo.
Tenho um sol na terra e uma lua no ar , privilegiadamente, que me mostram como a vida pode ser diferente do que se imagina, inclusive pra mim.
Acho que a generosidade é a melhor de todas as qualidades. Acho que a omissão é o pior de todos os defeitos.
Gostaria que todo amor durasse para sempre. Mesmo transformado, mesmo longe, mesmo arranhado. É curioso oferecer amor. Um dia, daqui a muito ou pouco tempo, pode ser que os amados não estejam por perto. Nem longe, nem em lugar algum. E o amor fica lá. Vivo, mas condensado a uma embalagenzinha que o deixa com braços e pernas de fora. É teimoso, mas só cresce onde recebe espaço. O amor gosta de se esticar e tomar conta de tudo, mas não tente desmerecê-lo porque ele também sabe ignorar.
Eu perco tempo. Ah, como eu perco o meu valioso tempo. Jogo fora minutos, horas, dias para gastar energia com assuntos que não justificam a minha atenção. Demoro para me desenrolar de amarras pequenas. Enfrento melhor as amarras grandes. Mas gosto mesmo quando corro solta, feliz, tranquila, entusiasmada e acesa pela vida.
Gosto de mim mais do que deveria e menos do que poderia.Gosto demais das pessoas mas não me sujeito a elas.
Não gosto que caçoem de mim. Adoro que brinquem comigo.
Acredito que o compromisso maior da vida de cada um seja com o seu íntimo. É para ele que prestamos contas todos os dias. Em nome disso, é essencial viver para estar de bem consigo mesmo e tentar sempre, na medida do possível, estar de bem com quem a gente quer bem.
As pessoas não ficam para sempre por perto, por isso a grande sabedoria é usar intensamente o tempo que tivermos com elas. Tudo passa. Quase todos passam. Mas aquilo que fica e aqueles que ficam, valem cada minuto da nossa dedicação.
Relacionamentos não podem ser algemas. Quando impedem - ou quando nós os usamos como impedimento - de alçar novos vôos, nossa alma se enruga pequena e exige mais. A vida responde, sempre.
Me renovo sempre que consigo. Gosto demais do novo que se abre, mesmo que ele me meta um medo danado. Gosto do que me é familiar também. Gosto de gostar, mas tenho grandes impulsos de desgostar.
Não sou fácil, mas a minha mãe diz que o fácil já está feito.
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Postado por Bianca Helena às 7:29 PM 6 comentários
sábado, novembro 10, 2007
12 de novembro de 1973
Renasce inteiro, de olhos despertos, atentos para o sentimento do mundo.
Tem gente que veio ao mundo a passeio. Tem gente que veio para batalha. Tem gente que veio para impor, dificultar, separar, deprimir, enfeiar. Tem gente que veio para ser peça de decoração, adorno que não tem participação. Tem gente que não se sabe gente, não assume sua grandeza e suas mesquinharias.
Você veio para ser. Para encontrar, perder, sorrir, chorar, procurar, descobrir, acrescentar, acalmar, esquentar, aproximar, encantar, duvidar, começar, desenvolver, evocar, superar, emanar, cultivar, adoçar.
Nascer é mudar de estado. Nascer é encontrar a saída. Nascer é atravessar o caminho. Nascer é fazer parte. Nascer é encarnar o individual e o coletivo.
O mundo se apresenta como quer e pode. E o mundo pode tudo. Você o recebe como sente e quer. E você quer tudo.
Dançam, o mundo e você. E você conta do seu mundo. Canta o mundo nos seus versos e reversos e nas rimas encontra as casas onde deseja morar.
Ama demais e sempre.
Deixa-se abraçar pela mágica e pelo místico de cada coisa prática.
Oferece colo quando a vida exige tanto que não se pode suportar. Oferece riso, beijo, cor, sabor, alma, chão.
Mostra o arco-íris e seus potes de ouro. Mostra que ouro bom é aquele que brota das flores, dos toques, dos sorrisos brilhantes que os olhares têm para oferecer.
Diz verdades das quais sempre duvida e as lança no universo para que retornem, se quiserem. Dói como a carne exposta que encontrou o espinho impiedoso. Seca feridas permitindo que não deixem de existir porque sabe que são dos melhores registros da sua história. E registra alegrias. Pequenas, imensas, indizíveis, totais.
Sorri menino e chora criança. Sonha como sempre se pode sonhar. Anseia por saudades de épocas idas e inéditas.
A vida virgem lhe seduz e a história construída lhe sustenta.
Concebido em terra de feitiços, alça vôos que desafiam territórios na alquimia de sua esperança.
É e se faz.
Presente para quem lhe enxerga. Fé e luz para quem lhe pode conhecer.
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quinta-feira, novembro 08, 2007
Se dê motivo
Para cada pessoa isto pode vir de forma diferente, é certo. Ou nem vir. Mas ela ainda estará lá. A necessidade absoluta de expor o íntimo de alguma forma.
Veja que para expor, não é preciso escancarar. Expor pode conter imensa sutileza e abstração. Escancarar, não – que escancarar, em certos casos, é apenas deselegância em forma de expressão. A carência também faz escancarar, mas toda carência será perdoada, visto que é expressão frustrada, preterida.
Uma auto-análise franca pode mostrar que tudo o que é dito ou feito, vem vestido unicamente numa tentativa de colocar para fora um aspecto, uma nuance, um momento que insistia para ser descoberto. E, ao descobrir, dá-se a ele uma face nova, também diante daquele que o expôs.
A expressão do que existe de melhor, pior, maior e menor dentro de um ser é o que faz com que se chegue cada vez mais perto de enxergar e experimentar quem se é.
Conversas, composições, criações, registros, interpretações. Tudo é veículo para seguir o caminho que, saindo de dentro, leva para fora e, paradoxalmente, traz de volta para si.
Cantar uma canção ou criar um blog. Montar um painel de fotografias ou entrar para uma banda. Publicar um livro ou ligar para um amigo. São tantas e tão variadas as formas buscadas e encontradas pelas pessoas para serem vistas, ouvidas, percebidas, sentidas. A internet, crucificada e adorada, já constitui sozinha um veículo inestimável de conectar expressões que, de outra forma, talvez jamais se alcançassem.
Ser humano, é função que gira, a todo tempo, em torno de comunicar encantos e desencantos dos recantos interiores.
Comunicar é impreciso como viver. E tão necessário quanto.
Respiração através da qual entra e sai o alimento para sustentar existências que com este, talvez nunca precisem de outro significado. Sozinho, este ainda teria sido um significado invejável que um sem número de pseudo-comunicólogos, profissionais ou amadores, não sonha em atingir.
Na lapidação da expressão como prática, afloram a ânsia, a curiosidade e o gosto pelo saber. Se a expressão ganha espaço, aumenta também a procura por novas descobertas e cria-se um círculo virtuoso de ganhos inestimáveis para a essência que busca existir verdadeiramente.
Comunica-se para se sentir vivo, inteiro, necessário, produtivo, realizado, integrado, visível. A comunicação de um para consigo, de um para outro e de um para todos, valida a sua passagem por este mundo, alicerça o vôo de buscar mais e além.
A satisfação em trazer à luz um momento qualquer que vinha existindo apenas na privacidade inalcançável de uma alma, impulsiona intenções e arrebata o indivíduo para um nível de existir no qual ele enxerga a sonhada perspectiva de encontrar-se, afinal. De ser, de assenhorar-se do seu território, de farejar o motivo pelo qual está aqui.
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segunda-feira, novembro 05, 2007
Aceno do lado de fora
Postado por Bianca Helena às 6:02 PM 5 comentários
Refugee
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