segunda-feira, novembro 26, 2007

Íntima



ela menstrua
sangra fluidos que o corpo não quis
sangra semente não plantada
chora vermelho por entre as pernas


discretamente
sangra a vida que ninguém vê


É mesmo um mundo de homens - nos cartazes
Se menstruassem o sangue seria carnaval
E todo carnaval, santificado


mas é só ela
que sangra miúda em dores e humores
satisfeita
por não ser descoberta
a menstruar.


***

5 comentários:

Anônimo disse...

"Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...", dizia a Elisa Lucinda.

Mas eu digo que não precisa ter medo não. É preciso é ter amor, admirar, amar e muito, essa gente que menstrua.

Coisa mais linda do mundo esta postagem.

Poeta e mulher mais linda do mundo. Eu te amo!

Lu Dias disse...

"Sangra a vida que ninguém vê"
Adorei!
Bjs!!

Anônimo disse...

oi, texto por demais sensíveis.Derramar sangue difere(ou diferia)muito para homens e mulheres.para mulher o sangue,a sangria mesntrual tem o sentido de vida,portanto,visto como algo místico(incomodo?sim)a dor menstrual,o enjôo msntrual,o sangue menstrual contudo toma carter de vida.A mulher que custa a menstruar cutsa a gerar,dar vida e isto em algumas culturas é o fim da procriação.Para o homem ,a honra se lava com e no sangue;matr épniçao (terror)ou ato de posse(guerras);a virilidade se faz na dor e no sangue derramdo.Tanto que se desprezou o valor feminino e da mesntruaçao como coisa de mulher(inferior)já que pelo instinti,a mulher cuida,protege,gera1Sao duas visões diferentes que acabam em conflito nas relações entre sexo,gênero e entre culturas. É claro que a mulher é mais necessária que o homem na criação das espécies..pois ela carrega o filhote e o alimenta por anos do seu seio.Mas,o valor é dado ao poder bruto,feroz aquele que mata impõe o poder.nenuhm poder:religioso ou político gosta de ser dasafiado.Mudar as regras é perigoso,faz pensar e isso vira crime.Os mártires religiosos e políticos tentaram no seu tempo o preço foi perverso.Hoje,mudar as mentalidades sobre respeito e justiça também é perigoso.Abraço. xane.

Jacinta Dantas disse...

Gostei do teu espaço. Bonito, suave e profundo, com toques que estimula a reflexão sobre ser gente. Esses "fluidos que o corpo não quis..." deixamos escorrer pela vida afora, na alegria e na dor do nosso cotidiano de ser mulher.
Lindo o teu poema.

Jacinta Dantas

Déa Lima disse...

Tinha tempo que não vinha aqui... mas que lindo que está. E esta poesia? É tudo que se sente quando se menstrua a primeira vez! Você soube captar exatamente o que se sente e o que não se consegue expressar. Lindo, lindo, lindo.
Bjos.